sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

PSB contesta o TSE sobre número de deputados
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O Partido Socialista Brasileiro (PSB) contestou a Minuta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que define o número de vagas de deputados federais na Câmara dos Deputados e de integrantes das assembléias legislativas para as eleições de 2010. O texto da minuta resultou a partir de um pedido da Assembléia Legislativa do Amazonas para que, com base na estimativa da população brasileira do ano passado, fosse feita a redefinição dos quantitativos de deputados federais.
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O advogado e delegado Nacional do PSB, José Antonio Almeida, apresentou durante audiência as razões pelas quais o Partido é contrário à decisão do TSE. “O número de deputados federais que os Estados já detinham na Assembléia Constituinte - caso, por exemplo, de Pernambuco, que já possuía 25, ou do Maranhão, que já contava com 18 - não pode ser reduzido, por força da regra contida no artigo 4º, parágrafo 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: ‘É assegurada a irredutibilidade da atual representação dos Estados e do Distrito Federal na Câmara dos Deputados’, regra que, segundo decidido pelo Supremo Tribunal Federal, no Mandado de Injunção nº 233, a representação que havia na elaboração da Constituição de 1988 é o piso, não podendo ser reduzida, por qualquer modo, nem por lei complementar”, assegurou o ex-deputado. José Antônio enfatizou, ainda, que a alteração em questão só poderia ser feita no ano anterior às eleições, como prevê o artigo 45, parágrafo 1º da Constituição.
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Segundo a minuta divulgada no site do TSE, os estados do Rio de Janeiro e da Paraíba perdem duas vagas de deputados federais cada um na próxima legislatura, pelo texto da minuta. Rio Grande do Sul, Paraná, Maranhão, Goiás, Pernambuco e Piauí perdem, por sua vez, uma cadeira na Câmara cada um. Pará é o estado que mais ganha em vagas, sobe de 17 para 20 deputados federais a partir de 2011. Minas Gerais vem em seguida, com aumento de duas cadeiras em sua bancada. Já Amazonas, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Santa Catarina ganham um deputado cada. Permanecem inalteradas as representações de São Paulo, Espírito Santo, Alagoas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Sergipe, Rondônia, Tocantins, Acre, Amapá e Roraima. São Paulo continua a ser o estado com o maior número de deputados federais (70), permanecendo em oito o número de deputados nos estados com menor população.
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Pela minuta, o número de representantes dos estados e do Distrito Federal na Câmara dos Deputados se mantém em 513, assim distribuídos: São Paulo (70), Minas Gerais (55), Rio de Janeiro (44), Bahia (40), Rio Grande do Sul (30), Paraná (29), Pernambuco (24), Ceará (23), Pará (20), Maranhão (17), Santa Catarina (17), Goiás (16), Paraíba (10), Espírito Santo (10), Piauí (9), Alagoas (9), Rio Grande do Norte (9), Amazonas (9), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Sergipe, Rondônia, Tocantins, Acre, Amapá e Roraima, todos esses com oito deputados
cada um.
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As assembléias legislativas e a Câmara Legislativa do Distrito Federal terão um total de 1.057 parlamentares, assim distribuídos: São Paulo (94), Minas Gerais (79), Rio de Janeiro (68), Bahia (64), Rio Grande do Sul (54), Paraná (53), Pernambuco (48), Ceará (47), Pará (44), Maranhão (41), Santa Catarina (41), Goiás (40), Paraíba (30), Espírito Santo (30), Piauí (27), Alagoas (27), Rio Grande do Norte (27), Amazonas (27), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Sergipe, Rondônia, Tocantins, Acre, Amapá e Roraima, todos esses com 24 deputados estaduais ou distritais cada um.
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FONTE: http://www.psbnacamara.org.br
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Ernesto CHE Guevara: história de lutas
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Nascido em 14 de junho de 1928 na cidade de Rosário, Guevara foi o primeiro dos cincos filhos do casal Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa. Sua mãe foi a principal responsável por sua formação porque, mesmo sendo católica, mantinha em casa um ambiente de esquerda e sempre estava cercada por mulheres politizadas.
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Desde pequeno, Ernestito - como era chamado - sofria ataques de asma e por essa razão, aos 12 anos, se mudou com a família para as serras de Córdoba, onde morou perto de uma favela. A discriminação para com os mais pobres era comum à classe média argentina, porém Che não se importava e fez várias amizades com os favelados. Estudou grande parte do ensino fundamental em casa com sua mãe. Na biblioteca de sua casa - que reunia cerca de 3000 livros - havia obras de Marx, Engels e Lenin, com os quais se familiarizou em sua adolescência.
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Em 1947, Ernesto entra na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires, motivado em primeiro lugar por sua própria doença, desenvolvendo logo um especial interesse pela lepra. Em 1952, realiza uma longa jornada pela América do Sul com o melhor amigo, Alberto Granado, percorrendo 10.000 km em uma moto Norton 500, apelidada de 'La Poderosa'. Observam, se interessam por tudo, analisam a realidade com olho crítico e pensamento profundo. Os oito meses dessa viagem marcam a ruptura de Guevara com os laços nacionalistas e dela se origina um diário. Aliás, escrever diários torna-se um hábito para o argentino, cultivado até a sua morte.
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No Peru, trabalhou com leprosos e resolveu se tornar um especialista no tratamento da doença. Che saiu dessa viagem chocado com a pobreza e a injustiça social que encontrou ao longo do caminho e se identificou com a luta dos camponeses por uma vida melhor. Mais tarde voltou à Argentina onde completou seus estudos em medicina. Foi convocado para o exército, porém, no momento estava incompatibilizado com a ideologia peronista. Não admitia ter de defender um governo autoritário.
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Portanto,
no dia da inspeção médica, tomou um banho gelado antes de sair de casa e na hora do exame teve um ataque de asma. Foi considerado inapto e dispensado. Já envolvido com a política, em 1953 viajou para a Bolívia e depois seguiu para Guatemala com seu novo amigo Ricardo Rojo. Foi lá que Guevara conheceu sua futura esposa, a peruana Hilda Gadea Acosta e Ñico Lopez, que, futuramente, o apresentaria a Raúl Castro no México.
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Na Guatemala, Arbenz Guzmán, o presidente esquerdista moderado, comandava uma ousada reforma agrária. Porém, os EUA, descontentes com tal ato que tiraria terras improdutivas de suas empresas concedendo-as aos famintos camponeses, planejou um golpe bem sucedido colocando no governo uma ditadura militar manipulada pelos yankees. Che ficou inconformado com a facilidade norte-americana de dominar o país e com a apatia dos guatemaltecos. A partir desse momento, se convenceu da necessidade de tomar a iniciativa contra o cruel imperialismo.
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Com o clima tenso na Guatemala e perseguido pela ditadura, Che foi para o México. Alguns relatos dizem que corria risco de vida no território guatemalteco, mas essa ida ao México já estava planejada. Lá lecionava em uma universidade e trabalhava no Hospital Geral da Cidade do México, onde reencontrou Ñico Lopez, que o levou para conhecer Raúl Castro. Raúl, que se encontrava refugiado no México após a fracassada revolução em Cuba em 1953, se tornou rapidamente amigo de Che. Depois, Raúl apresentou Che a seu irmão mais velho Fidel que, do mesmo modo, tornou-se amigo instantaneamente. Tiveram a famosa conversa de uma noite inteira onde debateram sobre política mundial e, ao final, estava acertada a participação de Che no grupo revolucionário que tentaria tomar o poder em Cuba.
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A partir desse momento começaram a treinar táticas de guerrilha e operações de fuga e ataque. Em 25 de novembro de 1956 os revolucionários desembarcam em Cuba e se refugiam na Sierra Maestra, de onde comandam o exército rebelde na bem-sucedida guerrilha que derrubou o governo de Fulgêncio Batista. Depois da vitória, em 1959, Che torna-se cidadão cubano e vira o segundo homem mais poderoso de Cuba. Marxista-leninista convicto, é apontado por especialistas como o responsável pela adesão de Fidel ao bloco soviético e pelo confronto do novo governo com os Estados Unidos.
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Guevara queria levar o comunismo a toda a América Latina e acreditava apaixonadamente na necessidade do apoio cubano aos movimentos guerrilheiros da região e também da África. Da revolução em Cuba até sua morte, amargou três mal-sucedidas expedições guerrilheiras. A primeira na Argentina, em 1964, quando seu grupo foi descoberto e a maioria morta ou capturada. A segunda, um ano depois de fugir da Argentina, no antigo Congo Belga, mais tarde Zaire e atualmente República Democrática do Congo. E por fim na Bolívia, onde acabaria executado.
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Sem a barba e a boina tradicionais, disfarçado de economista uruguaio, Che Guevara entrou na Bolívia em novembro de 1966. A ele se juntaram 50 guerrilheiros cubanos, bolivianos, argentinos e peruanos, numa base num deserto do Sudeste do país. Seu plano era treinar guerrilheiros de vários países para começar uma revolução continental.
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Guevara foi capturado em 8 de outubro de 1967. Passou a noite numa escola de La Higuera, a 50 quilômetros de Vallegrande, e, no dia seguinte, por ordem do presidente da Bolívia, general René Barrientos, foi executado com nove tiros numa escola na aldeia de La Higuera, no centro-sul da Bolívia, no dia seguinte à sua captura pelos rangers do Exército boliviano, treinados pelos Estados Unidos.
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Sua morte, no dia 9 de outubro de 1967, aos 39 anos, interrompeu o sonho de estender a Revolução Cubana à América Latina, mas não impediu que seus ideais continuassem a gozar de popularidade entre as esquerdas. Os boatos que cercaram a execução de Che Guevara levantaram dúvidas sobre a identidade do guerrilheiro. A confusão culminou no desaparecimento dos seus restos mortais, encontrados apenas em 1997, quando o mundo recordava os trinta anos de sua morte, sob o terreno do aeroporto de Vallegrande. O corpo estava sem as mãos, amputadas para reconhecimento poucos dias depois da morte, e contrabandeadas para Cuba.
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Em 17 de outubro de 1997, Che foi enterrado com pompas na cidade cubana de Santa Clara - onde liderou uma batalha decisiva para a derrubada de Batista - com a presença da família e de Fidel. Embora seus ideais sejam românticos aos olhos de um mundo globalizado, ele se transformou em um ícone na História das revoluções do século XX e num exemplo de coerência política. Sua morte determinou o nascimento de um mito, até hoje símbolo de resistência para os países latino-americanos.
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FONTE: www.cheguevaradelaserna.hpgvip.ig.com.br
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O poder nu (parte IV)
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Bertrand Russell (*)
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A Itália renascentista apresenta um paralelo que se aproxima muito da Grécia antiga, mas a confusão é ainda maior. Havia repúblicas comerciais oligárquicas, tiranias segundo o padrão grego, principados de origem feudal e, além disso tudo, os Estados da Igreja. O Papa, exceto na Itália, impunha respeito, mas seus filhos não o faziam, e César Bórgia teve de lançar mão do poder nu.
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César Bórgia e seu pai, Alexandre VI, são importantes não devido apenas às suas pessoas, mas por terem inspirado Maquiavel. Um incidente da vida de ambos servirá para dar um exemplo da época em que viveram. Os Colonnas e os Orsinis haviam sido a desgraça dos Papas durante séculos; os Colonnas já haviam caído, mas os Orsinis permaneciam. Alexandre VI fez um tratado com eles, convidando o seu chefe, o Cardeal Orsiní, para o Vaticano, ao ter notícia de que César aprisionara, traiçoeiramente, dois Orsinis importantes. O Cardeal Orsini foi preso logo que chegou à presença do Papa; sua mãe pagou ao Papa dois mil ducados pelo privilégio de enviar alimentos ao filho, e sua amante presenteou Sua Santidade com uma pérola de alto valor, que ele cobiçava. Não obstante, o Cardeal Orsini morreu na prisão - por haver bebido, segundo se disse, vinho envenenado que lhe fora servido por ordem de Alexandre VI.
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Os comentários de Creighton sobre esta ocorrência ilustram o caráter de um regime de poder nu: "É surpreendente que essa ação traiçoeira não haja despertado nenhum protesto, sendo, pelo contrário, tão bem sucedida; mas, n a política artificial da Itália, tudo dependia da habilidade dos que se entregavam a tal jogo. Os condottieri representavam apenas a si próprios, e quando eram afastados, por quaisquer meios, embora traiçoeiros, não restava nada. Não havia partido algum, nem qualquer interesse, que se sentisse prejudicado pela queda dos Orsinis e dos Vitellozos. Os exércitos dos condottieri eram formidáveis enquanto seguiam os seus generais; quando os generais eram afastados, os soldados se dispersavam e entravam para o serviço de outros. A maioria dos cidadãos admirava a consumada frieza de César quanto a esta questão. Nenhum prejuízo fora causado à moralidade corrente... Quase todos, na Itália, aceitavam como suficiente a observação de César a Maquiavel: "É bom enganar aqueles que se revelaram mestres na traição". A conduta de César foi julgada pelo seu êxito".
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Na Itália renascentista, como na Grécia antiga, um nível muito elevado de civilização se unia a um nível moral muito baixo: ambas as épocas revelaram as maiores alturas do gênio e as maiores profundidades da canalhice e, em ambas, os canalhas e os homens de gênio não são, de modo algum, antagônicos uns aos outros. Leonardo construiu fortificações para César Bórgia; alguns dos discípulos de Sócrates se achavam entre os piores dos trinta tiranos; os discípulos de Platão andavam metidos em ações vergonhosas em Siracusa, e Aristóteles casou com a neta de um tirano. Em ambas as cidades, depois que a arte, a literatura e o assassínio floresceram, lado a lado, durante cerca de cento e cinqüenta anos, foram extintos juntos, por nações menos civilizadas, porém mais coesas, do Ocidente e do Norte. Em ambos os casos, a perda da independência política não implicava apenas decadência cultural, mas perda da supremacia comercial, seguida de um empobrecimento catastrófico.
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Os períodos de poder nu são, habitualmente, breves. Terminam, em geral, de um ou de outro modo, entre três modos diversos. O primeiro é a conquista estrangeira, como nos casos da Grécia e da Itália que já foram por nós examinados. O segundo é o estabelecimento de uma ditadura estável, que logo se torna tradicional. Disto, o exemplo mais notável é o império de Augusto, depois dos períodos das guerras civis, de Mario até a derrota de Antonio. O terceiro é o advento de uma nova religião, empregando-se a palavra em sua acepção mais ampla. O exemplo mais óbvio disso é a maneira pela qual Maomé uniu as tribos da Arábia, anteriormente inimigas. O reinado da força nua nas relações internacionais, depois da Grande Guerra, poderia ter terminado com a adoção do comunismo por toda a Europa, se a Rússia dispusesse, na ocasião, de um excedente exportável de víveres.
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Onde o poder é nu, não só internacionalmente, mas no governo interno de Estados separados, os métodos de adquirir poder são muito mais implacáveis do que em outras partes. (...) O poder é nu quando os seus súditos o respeitam somente porque se trata de um poder, e não por qualquer outra razão. Assim, uma forma de poder que tenha sido tradicional se torna nua logo que a tradição deixa de ser aceita. Segue-se daí que os períodos de pensamento livre e de crítica vigorosa tendem a transformar-se em períodos de poder nu. Foi assim tanto na Grécia como na Itália, durante a Renascença. A teoria adequada ao poder nu foi exposta por Platão no primeiro livro da República, pela boca de Trasímaco, que ficou agastado com Sócrates devido às suas amáveis tentativas para encontrar uma definição ética de justiça.
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(*) Filósofo, matemático, político e ativista.
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(continua...)
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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

PSB Nacional lança seu novo portal na Internet
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Já está no ar o novo portal do PSB Nacional na Internet. Com design renovado, o portal passa a oferecer novas ferramentas para facilitar ainda mais o acesso e o acompanhamento, por toda a militância e simpatizantes, de tudo que acontece no Partido.
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Logo na página inicial, o visitante tem acesso às principais notícias do Partido, artigos, entrevistas, além da agenda de eventos, o que permite acompanhar todas as atividades partidárias envolvendo o Diretório Nacional. Também na primeira página, o visitante tem links para acessar a página da Fundação João Mangabeira, a TV João Mangabeira e a página do PSB Nacional no Twitter.
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Há novos bancos de imagens, áudios e vídeos. São inovações que deixam a navegação mais atraente e aumentam a interatividade com o visitante, que pode, por exemplo, imprimir as notícias, enviar páginas por e-mail e receber boletins. Para tanto, basta clicar em uma das opções disponíveis ao final de cada texto das notícias ou do clipping.
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O novo site possui sistemas de busca e de administração mais eficientes, além de respeitar os padrões internacionais de acessibilidade, como tamanho de letra e contraste. Para tanto, foram utilizados conceitos e ferramentas inovadores de construção e alimentação de páginas web, que procuram assegurar princípios de organicidade, navegabilidade, agilidade na publicação das informações, interatividade e flexibilidade.
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Divulgue a página do PSB Nacional, cadastre-se no Twitter da legenda e participe da construção desse portal que é voltado a todos aqueles que se identificam com os ideais de socialismo e liberdade.
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FONTE: http://www.psbnacional.org.br
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Democracia política: análise preliminar
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Costuma-se dizer que o povo brasileiro já atingiu um alto grau de maturidade política. É um “lugar comum”, que só parcialmente corresponde a realidade com efeito, não se podendo negar que uma parte do eleitorado, adquiriu uma consciência mais nítida, dos seus deveres e da sua responsabilidade, no exercício do voto, como expressão legítima da vontade do eleitor. Mas apenas uma parte.
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A grande maioria, vota pensando, tão somente os seus interesses particulares (da sua pessoa, da sua classe social ou do seu grupo econômico), ou regionais (do município ou do estado) - raramente com os olhos voltados, para os problemas da nação. O eleitor comum, tem uma visão doméstica, para não dizer pessoal, dos problemas do país, e é isto que tem contribuído para que os partidos de âmbito nacional, não passem em última análise, de um grupo despreparado, formado por partidos regionais.
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Os governantes, estão despreparados para exercer suas tarefas, não conseguindo cumprir suas promessas eleitorais, deixando para traz o sonho de uma população de ver um país melhor sem tantas desigualdades sociais. Por isso governar democraticamente, não se limita a encher de votos as urnas. Democracia é muito mais do que isso, pois governar, envolve a vida dos cidadãos em suas atividades práticas, em, busca do bem comum, por meio da produção econômica. A democracia, prega a liberdade, a autonomia e o desenvolvimento da personalidade individual, concedendo a cada pessoa uma parcela de responsabilidade política.
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A democracia foi concebida para emancipar o indivíduo, porém na prática tem de a dominá-lo, no anonimato das massas. “O instrumento de governo, é o problema político primordial enfrentado pelos grupos humanos”, freqüentemente, o conflito na família é resultado desse problema. Esse problema passou a ser muito sério, depois da constituição das sociedades modernas. Atualmente, os povos enfrentam esse problema persistente, e as comunidades sofrem os vários perigos e as graves conseqüências dele provenientes. Não conseguindo, ainda, resolvê-lo definitiva e democraticamente. Todos os regimes políticos do mundo atual, são produtos da luta pelo poder entre os instrumentos de governo. A luta, pode ser pacífica ou armada, como a luta de classes, seitas, tribos, partidos ou indivíduos. O resultado dessa luta, é sempre a vitória de um instrumento de governo, seja um indivíduo, grupo, partido ou classe.
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A luta política, que resulta na vitoria de um candidato com 51 por cento do total dos votos dos eleitores, por exemplo , leva a um corpo de governo ditatorial, disfarçado em democracia, já que os restantes 49 por cento dos eleitores, serão governados pelo instrumento de governo que não elegeram, mas que lhes foi imposto. Isto é a ditadura. Além disso, esse conflito pode produzir um corpo de governo, que representa somente uma minoria, porque quando os votos dos eleitores são distribuídos entre vários candidatos, um deles obtém mais votos que qualquer um dos outros. Mas, se os votos dirigidos aos que receberam votação menor forem somados, podem constituir maioria absoluta. No entanto, o candidato mais votado, e sua vitória, são considerados legítimos e democráticos. Na realidade, a ditadura, é estabelecida sob a capa de uma falsa democracia. Esta é a realidade dos sistemas políticos vigentes hoje no mundo. São sistemas ditatoriais, e é evidente que falsificam a democracia genuína.
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No decorrer das ultimas sete décadas, predominaram no mundo duas correntes ideológicas político-económicas: o capitalismo e o comunismo, ambas atuando sob o mesmo regime, intitulando-se democráticos. Alguns autores afirmam que a democracia se encontra em grave período. A sociedade está se desintegrando e só uma economia socializada poderá salvá-la. Socialistas ortodoxos asseguram que o único sistema verdadeiramente democrático, é um sistema socialista.
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Democracia dinâmica
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As mudanças que ocorrem com o decorrer do tempo fazem com que novas necessidades apareçam, e com isso a democracia deve passar por uma fase adaptativa. Para existir democracia, é necessário que haja um consentimento, visando o futuro do povo. A base disso é a fé em constituições e eleições, acreditando na participação popular. Democracia não deve ser classificada só como uma forma de governo, pois implica em uma espécie de sociedade em que a ascensão humana é a finalidade, e a cooperação é o método mais viável.
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Para se viver democraticamente, o fato de ceder as pressões governamentais deve ser anulado das atitudes populares. Os debates são consideráveis a partir do fato de que formulam pensamentos e elevam as idéias de cada pessoa. A democracia baseada na participação ativa conduz à capacidade de criação de todos. Os métodos do exercício da democracia, o espirito de iniciativa, as atividades populares e desenvolvimento da comunidade devem adaptar-se as diferentes culturas, costumes, instituições, atitudes. Esses métodos falharão, a menos que, tais diferenças sejam levadas em conta.
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Diferentes culturas podem empregar métodos para aperfeiçoar o exercício da democracia, através de pessoas que se agrupam e põem em pratica o espirito de iniciativa o desenvolvimento da comunidade e da vida grupal. Tendo em vista a revitalização e a conservação da democracia, com muitas análises, que podem ser aplicadas tanto as sociedades urbanas como as rurais.
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Do socialismo utópico ao científico (parte VIII)
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Friedrich Engels
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Quando nos detemos a pensar sobre a natureza, ou sobre a história humana, ou sobre nossa própria atividade espiritual, deparamo-nos, em primeiro plano, com a imagem de uma trama infinita de concatenações e Influências recíprocas, em que nada permanece o que era, nem como e onde era, mas tudo se move e se transforma, nasce e morre. Vemos, pois, antes de tudo, a imagem de conjunto, na qual os detalhes passam ainda mais ou menos para o segundo plano; fixamo-nos mais no movimento, nas transições, na concatenação, do que naquilo que se move, se transforma e se concatena.
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Essa concepção do mundo, primitiva, ingênua, mas essencialmente exata, é a dos filósofos gregos antigos, e aparece claramente expressa pela primeira vez em Heráclito: tudo é e não é, pois tudo flui, tudo se acha sujeito a um processo constante de transformação, de Incessante nascimento e caducidade. Mas essa concepção, por mais exatamente que reflita o caráter geral do quadro que nos é oferecido pelos fenômenos, não basta para explicar os elementos isolados que formam esse quadro total; sem conhecê-los a Imagem geral não adquirirá tampouco um sentido claro. Para penetrar nesses detalhes temos de despregá-los do seu tronco histórico ou natural e Investigá-los separadamente, cada qual por si, em seu caráter, causas e efeitos especiais, etc.
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Tal é a missão primordial das ciências naturais e da história, ramos de investigação que os gregos clássicos situavam, por motivos muito justificados, num plano puramente secundário, pois primariamente deviam dedicar-se a acumular os materiais científicos necessários. Enquanto não se reúne certa quantidade de materiais naturais e históricos não se pode proceder ao exame crítico, à comparação e, consequentemente, a divisão em classes, ordens e espécies. Por isso, os rudimentos das ciências naturais exatas não foram desenvolvidos senão a partir dos gregos do período alexandrino e, mais tarde, na Idade Média, pelos árabes; a ciência autêntica da natureza data semente da segunda metade do século XV e, desde então, não fez senão progredir a ritmo acelerado.
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A análise da natureza em suas diversas partes, a classificação dos diversos processos e objetos naturais em determinadas categorias, a pesquisa interna dos corpos orgânicos segundo sua diversa estrutura anatômica, foram outras tantas condições fundamentais que obedeceram aos gigantescos progressos realizados, durante os últimos quatrocentos anos, no conhecimento científico da natureza.
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Esses métodos de investigação, porém, nos transmitiram, ao lado disso, o hábito de enfocar as coisas e os processos da natureza isoladamente, subtraídos à concatenação do grande todo; portanto, não em sua dinâmica, mas estaticamente; não como substancialmente variáveis, mas como consistências fixas; não em sua vida, mas em sua morte. Por Isso, esse método de observação, ao transplantar-se, com Bacon e Locke, das ciências naturais para a filosofia, determinou a estreiteza específica característica dos últimos séculos: o método metafísico de especulação.
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Para o metafísico, as coisas e suas Imagens no pensamento, os conceitos, são objetos de investigação isolados, fixos, rígidos, focalizados um após o outro, de per si, como algo dado e perene. Pensa só em antíteses, sem meio-termo possível; para ele, das duas uma: sim, sim; não, não; o que for, além disso, sobra. Para ele, uma coisa existe ou não existe; um objeto não pode ser ao mesmo tempo o que é e outro diferente. O positivo e o negativo se excluem em absoluto. A causa e o efeito revestem também, a seus olhos, a forma de uma rígida antítese.
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À primeira vista, esse método discursivo parece-nos extremamente razoável, porque é o do chamado senão comum. Mas o próprio senso comum - personagem muito respeitável dentro de casa, entre quatro paredes - vive peripécias verdadeiramente maravilhosas quando se aventura pelos caminhos amplos da investigação; e o método metafísico de pensar, pois muito justificado e até necessário que seja em muitas zonas do pensamento, mais ou menos extensas segundo a natureza do objeto de que se trate, tropeça sempre, cedo ou tarde, com uma barreira, ultrapassada a qual se converte num método unilateral, limitado, abstrato, e se perde em Insolúveis contradições, pois, absorvido pelos objetos concretos, não consegue perceber sua concatenação; preocupado com sua existência, não atenta em sua origem nem em sua caducidade; obcecado pelas árvores, não consegue ver o bosque.
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(continua...)
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