quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Assembléia popular: a formação política
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Roberta Traspadini (*)
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O modo de produção capitalista é, para a classe que vive do trabalho, gerador permanente de múltiplas crises civilizatórias. Uma delas se manifesta na forma como o capital encara a educação formal como única e legítima formação técnica-política-profissional dos sujeitos que devem ser incluídos como força de trabalho no setor produtivo nas mãos da burguesia.
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Para o capital, formar é igual a formatar. Formatar é especializar sem tomar em conta a totalidade e o sentir próprio de quem deseja aprender algo. Especializar é tornar o específico, célula do pensar individual, sem chances do educando ver-se como sujeito no processo de produção do conhecimento. Essa forma de educação bancária explicita o conteúdo de classe por trás da ação: o de fechar, em vez de abrir, os horizontes de sentido dos sujeitos sociais, enquanto protagonistas da vida.
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Em momentos de expansão, o capital se propagandeia como mais includente e oculta sua real faceta destrutiva: exploração intensiva do trabalho. Em momentos de crise, aquilo que estava oculto se revela. A exclusão e exploração saltam aos olhos e tomam sua real dimensão: o fruto de uma sociedade sustentada sobre as bases de um interesse privado particular: o capital. Nos dois momentos, os trabalhadores se dão conta de sua situação marginada. Mas é no segundo, no da crise, que têm a porta aberta para a tomada de consciência sobre o modelo de desenvolvimento burguês e suas limitações, quanto ao seu pretenso papel histórico de classe dominante onipotente.
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Com a crise, a classe que vive do trabalho começa a se dar conta que quanto mais sem dinheiro fica,tanto mais todos os bens, em especial os de consumo básico, ficam abem acima de seu já precário poder aquisitivo. Essa histórica falta de dinheiro, somada ao aumento das dívidas, pode culminar em necessidades que se resolvem, superficialmente, via assistencialismo, ou podem suscitar um outro processo em que a mudança do modelo vá pouco a pouco assumindo um papel importante na história destes sujeitos.
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Esse dar-se conta por parte dos trabalhadores, ocorre através de vários mecanismos. Ora porque na crise perde o pouco que tem; ora porque vive o temor da perda, próprio de sua vulnerabilidade como sujeito subordinado a ordem do capital; ora porque se encontra com movimentos sociais e políticos que, com base em temas e demandas específicos, começam a chamar a atenção para todas as privações vividas pela classe trabalhadora, ao serem sujeitadas pelo capital.
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(*) Economista e educadora popular.
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FONTE: Lista JSB Unificada
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