quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Diretório do PSB faz reunião neste sábado

O Diretório Municipal de João Pessoa do Partido Socialista Brasileiro (PSB) realiza no sábado (10/12) sua primeira reunião ordinária com os diretorianos eleitos no “IV Congresso Municipal do PSB-JP”. O novo encontro da legenda socialista acontece a partir das 9h deste sábado, no Hotel Xênius, localizado na orla do Cabo Branco.

De acordo com o presidente Municipal do PSB, professor Ronaldo Barbosa, esta reunião do Diretório servirá para analisar a conjuntura política em João Pessoa, o processo eleitoral de 2012 e questões internas do Partido.

“Devem ser indicados alguns nomes do PSB para compor a coordenação da campanha majoritária à Prefeitura de João Pessoa e para iniciar a preparação do Programa de Governo, a ser lançado no próximo ano”, destacou Ronaldo.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

IV Congresso Municipal do PSB

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O PSB do município de João Pessoa está finalizando os preparativos para O IV Congresso Municipal, que será realizado nesta sexta-feira (30/09) e sábado (01/10) no Auditório do Hotel Ouro Branco, em João Pessoa. De acordo com o presidente municipal do PSB, professor Ronaldo Barbosa, a Comissão Organizadora está toda envolvida nos preparativos finais, com a formulação de convites para as autoridades, lideranças e partidos à participarem da solenidade de abertura, que ocorrerá às 19 horas desta sexta-feira.
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Barbosa informou que toda a infra-estrutura do evento já foi montada peça Comissão Organizadora que nesse momento está se dedicando a checagem dos itens como material gráfico (caderno de teses, crachás e listagens de credenciamento), que aliada a decoração do auditório, sonorização, sinalização, segurança e cerimonial, perfazem os principais pontos prévios da organização.
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A solenidade de abertura está sendo programada juntamente com a área de comunicação do Partido, de forma que seja possível ao trabalho dos veículos de comunicação o melhor ângulo de registro fotográfico e cinematográfico deste que promete ser um dos maiores eventos partidários da Capital.
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O presidente do PSB também informou que já confirmaram presença na solenidade de abertura o prefeito Luciano Agra, governador Ricardo Coutinho, parlamentares estaduais do PSB, vereadores Zezinho do Botafogo, Bira e a vereadora Sandra Marrocos, além de diversos secretários e secretárias socialistas nos governos municipais e estaduais, e uma diversidade de pré-candidatos e pré-candidatas ao parlamento pessoense em 2012. JSB presente!
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FONTE: http://www.psbpb.org.br
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Chapa Limpa vence eleição do DCE-UFPB

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A comunidade estudantil da UFPB elegeu na última semana a nova gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Com 2.295 votos a “Chapa Limpa” saiu vencedora. Em segundo lugar, ficou a chapa “Cantamos, pois gritar só não basta” com 1.800 votos. A terceira colocada foi a chapa “O novo pede passagem”, com 1.286.
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A Comissão Eleitoral ainda impugnou a chapa “Juntos somos mais” por motivo de fraude. De acordo com a Comissão, formada por representantes de todas as chapas participantes do pleito, uma urna foi encontrada na bolsa do membro indicado pela chapa “Juntos somos mais”, Lucas Pereira - integrante da Juventude Democratas.
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Constatada a fraude eleitoral, a chapa 2 foi impugnada. Apesar da confusão, Cleiton Oliveira, coordenador da chapa “Chapa Limpa” e membro da Juventude Socialista Brasileira (JSB) agradece os estudantes da UFPB pela vitória e ratifica o compromisso em defender os direitos estudantis dentro e fora da UFPB. “Vamos reconstruir o movimento estudantil e defender melhorias para os estudantes da Universidade Federal da Paraíba”, disse Cleiton.
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Cleiton ainda afirma que a nova diretoria do DCE irá tomar posse em alguns dias e já programa a realização de uma campanha pela abertura de mais um Restaurante Universitário (RU), pelo cumprimento do direito à meia-entrada em estabelecimentos culturais e pela implantação de conexão wi-fi livre em toda a UFPB.
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

NOTA DE REPÚDIO

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A Juventude Socialista Brasileira em João Pessoa (JSB-JP) manifesta através desta nota o repúdio às agressões físicas, ofensas verbais e cárcere privado sofrido pela nova secretária Municipal da JSB e sua companheira no último dia 11 de setembro. Este lamentável acontecimento atingiu a honra das duas moralmente e desrespeitou os princípios básicos do ser humano. Leia na íntegra a Nota de Repúdio:
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Caros companheiros(as),
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Venho através deste documento, repudiar a violência física, verbal e moral do qual fomos vítimas eu e minha companheira no “BEBERICOS BAR” – localizado no bairro dos Bancários, zona sul de João Pessoa – no último dia 11 de setembro, aproximadamente ás 20h horas.
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Ao chegarmos ao bar fui direto ao banheiro, enquanto minha companheira procurava alguns amigos e uma mesa para sentarmos. Fiquei na fila do banheiro esperando minha vez. Ao chegar minha vez tentei fechar a porta e me deparei com uma garota desconhecida empurrando a mesma. Neste momento indaguei-a e pedi para que ela aguardasse sua vez. A garota, demonstrando-se alterada, falou que iria entrar comigo no banheiro porque ele tinha dois vasos sanitários e se eu quisesse reclamasse com o dono do bar. Detalhe: o banheiro não tinha divisórias entre os vasos e apenas uma porta.
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Em seguida, lhe dirigi novamente a palavra e pedi que aguardasse sua vez. Após ter falado pela segunda vez tentei fechar novamente a porta. A garota em questão empurrou-a com bastante violência e a porta bateu na minha cabeça. Em seguida ela foi logo entrando e minha atitude foi tentar conversar para que a mesma respeitasse meu direito de entrar sozinha no banheiro, já que o mesmo não tinha divisórias entre os vasos sanitários e a vez era minha. Sem que eu esperasse a garota avançou em meus cabelos e infelizmente chegamos as vias de fato.
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Enquanto estávamos engalfinhadas no chão do banheiro eu tentava me defender da garota. Logo apareceram pessoas para nos separar. Algumas dessas pessoas, junto com um amigo meu, tentavam me acalmar, até porque fiquei perplexa, nunca tinha passado por aquela situação. Eu tremia e chorava ao mesmo tempo. Por sua vez, minha companheira, percebendo o tumulto, correu logo para onde eu estava e disse que iríamos embora dali imediatamente. Mas quando tentamos nos retirar do local a garota que me agrediu, se fazendo de vítima para seus amigos(as), retornou até onde eu estava, no intuito de continuar a briga e as agressões verbais, só que desta vez junta com seus amigos(as) – aproximadamente 5 (cinco) pessoas. Elas me fizeram ameaças, tentando tumultuar ainda mais. Estavam todos visivelmente alterados, sem nem saber o que tinha ocorrido de verdade.
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Quando tentamos sair do bar novamente foi necessário fazer uma espécie de barreira humana ao meu redor e ao chegarmos à única entrada/saída do bar nos deparamos com o proprietário - que até então não tinha aparecido. Durante todo o episódio ele foi totalmente omisso, conivente e co-responsável pelo tumulto, por não haver segurança em seu estabelecimento, que estava lotado. Para piorar, ele não manteve a imparcialidade diante do acontecimento. Ou seja, ficou o tempo todo ao lado do grupo agressor, que estava com a garota bloqueando a única passagem de entrada/saída.
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Vale salientar que tínhamos acabado de chegar ao bar e nem sequer tínhamos consumido nada. Mesmo assim, o dono do bar disse que ninguém sairia de lá sem a chegada da polícia, gerando ainda mais constrangimento e contribuindo para as retaliações do grupo agressor. A medida arbitrária tomada naquele momento pode ser interpretada como cárcere privado, um crime previsto em lei. É necessário frisar também que em nenhum momento o dono do bar nos procurou, ou tentou garantir minha integridade física em seu estabelecimento, nem muito menos dos outros clientes. Meu maior medo era que alguém do grupo agressor estivesse armado.
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Impedidas de sair, meu amigo me puxou para o fundo do bar, para evitar retaliações do grupo agressor. Minha companheira, ao tentar passar para o local onde eu estava foi agredida física e verbalmente por uma das amigas da garota que me agrediu no início. A mesma dirigiu palavras preconceituosas (homofóbicas) a minha companheira, referindo-se a nós duas como “pessoas doentes”, “sapatões”, “vocês são bichos”, “que deveria ter banheiros separados para sapatão e viado”, “que aquele bar era para pessoas normais”, dentre outros absurdos de baixo calão. Achando pouco, jogou uma garrafa de água no rosto de minha companheira e a mesma teve que engolir a raiva para não perder a razão.
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Enfim, fomos constrangidas de todas as formas e obrigadas a ficar esperando a chegada da polícia para podermos sair, porque o grupo queria me agredir, assim como fez a garota. A Polícia Militar demorou aproximadamente 45 minutos para chegar ao local e o dono bar nem sequer nos procurou para saber o que tinha ocorrido de fato. Ele esteve totalmente equivocado na hora de lidar com a situação, pois não manteve a imparcialidade. Assim, nos sentimos totalmente discriminadas e humilhadas. Após a chegada da polícia fomos todos(as) para a delegacia fazer o Boletim de Ocorrência.
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“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...”
(Caetano Veloso)
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Luana Flávia B. de Oliveira
Secretária Municipal da JSB,
eleita recentemente no IV Congresso da JSB-JP

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Homofobia é uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a orientação sexual das pessoas. A Paraíba hoje é um dos estados brasileiros onde mais se pratica a violência homofóbica e, com este episódio, ganha mais um número para compor suas estatísticas. Só em 2011 foram registrados 12 crimes com motivações homofóbicas em nosso Estado.
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Por tudo isso, a Juventude Socialista Brasileira – cada vez mais participativa e consciente sobre as mais diversas questões que envolvem a juventude – já demonstrou que é totalmente contra este tipo de atitude desrespeitosa, que fere os princípios básicos do ser humano. É bom lembrar que está escrito na Constituição Federal Brasileira que “todos são iguais perante a lei". Também existe uma Lei Estadual (n° 7309/03) – de autoria do então deputado Ricardo Coutinho (PSB) – que prevê multa e punição aos locais de lazer, como: restaurantes, boates e estabelecimentos públicos em geral que discriminem pessoas devido à orientação sexual. Entretanto, se faz necessário (com urgência!) que haja a regulamentação desta lei, com a escolha do órgão responsável pelo recebimento das denúncias e aplicação das penas e multas.
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Para finalizar, esperamos que as atitudes deste grupo agressor e do dono do bar sejam punidas exemplarmente, para que isso não se repita com ninguém! Nós, que fazemos parte de uma juventude que luta todos os dias por “direitos igualitários”, não podemos ficar calados diante de um fato grave como este. Não podemos temer, de forma alguma, retaliações preconceituosas e ultrapassadas, se não nunca iremos avançar para construir um mundo melhor.
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João Pessoa, setembro de 2011.
Juventude Socialista Brasileira em João Pessoa (JSB-JP)
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

JSB-JP realiza seu 4º Congresso

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Bertrand Sousa (*)
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Neste sábado, 10 de setembro de 2011, a Juventude Socialista Brasileira em João Pessoa (JSB-JP), realizou seu 4º Congresso Municipal. A atividade ocorreu no auditório do SINTEP, no Centro da capital paraibana. Destacamos a presença ilustre do prefeito de João Pessoa, Luciano Agra (PSB); do presidente nacional da JSB, Joubert Fonseca; integrantes das executivas municipal e estadual da JSB; além de dezenas de jovens militantes, comprometidos com a unidade e os avanços da organização partidária.
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O Secretário Municipal de Juventude do PSB, Rômulo Halysson, abriu oficialmente o Congresso da Juventude, apresentando a pauta e metodologia adotada para o andamento dos trabalhos. Em seguida, ouvimos a palestra do professor Lúcio Flávio (UFPB), falando sobre a conjuntura política, econômica e social na Paraíba, no Brasil e no mundo. Logo após, tivemos o debate entre a plenária e o palestrante, aprofundando as análises apresentadas.
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Na sequência da programação realizamos uma rápida avaliação sobre a Comunicação e as estratégias de marketing utilizadas nos últimos anos para fortalecer a JSB enquanto segmento partidário organizado. Pouco depois tivemos o grande momento do Congresso, quando foi apresentada a nova Executiva Municipal da JSB. A composição ficou assim: Luana Flávia (Secretária Municipal); Priscilla Gomes (Presidente); Izabelly Alves (Vice-Presidente); Túlhio Serrano (Secretário Geral); Rayza Miranda (Secretária de Comunicação); Francisco Júnior (Secretário de Movimento Estudantil); e Andréa Patrícia (Secretária de Políticas Públicas de Juventude). Bom trabalho e boa sorte pro pessoal!
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A proposta de tese (resolução) apresentada no 4º Congresso Municipal da JSB trouxe para o debate questões relacionadas à conjuntura pessoense, paraibana, brasileira, latino-americana e mundial, além das análises e propostas relacionadas ao Movimento Estudantil, Cultura, Comunicação e Ciência & Tecnologia, que devem nortear a atuação da JSB-JP nos próximos anos, contribuindo para articular a juventude em torno de suas bandeiras históricas e da garantia de direitos. O documento será entregue ao Diretório do PSB Municipal nos próximos dias.
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Para fechar o evento, tivemos a participação do prefeito Luciano Agra (PSB), recebido sob os aplausos da militância socialista. Ele ressaltou o compromisso permanente e o trabalho da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), desde 2005, para garantir melhores condições de vida para a população jovem da cidade. Luciano destacou ainda a participação ativa e conquista de espaços pela juventude pessoense, através do protagonismo juvenil estimulado pela Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Recreação e dos programas federais executados em parceria com a PMJP. E mais uma vez ficou claro para todos(as) que o futuro já começou! JSB presente, agora e sempre!
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(*) Jornalista e secretário de comunicação da JSB-JP.
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Comunicação e mídia para o Brasil avançar

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Bertrand Sousa (*)
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As formas de transmissão de mensagens vêm acompanhando o desenvolvimento humano. Na época das cavernas, os povos primitivos comunicavam-se através de gestos entre emissores e receptores. O tempo passou e o homem conseguiu desenvolver a capacidade de falar, organizando a partir daí, códigos verbais entre as diferentes comunidades que habitavam o planeta.
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Nos dias atuais, a informação passou a ter uma dimensão automática, quase instantânea. E desde então vivemos na “era digital”, onde tudo, ou quase tudo, pode ser descrito por códigos binários. Com o advento da Internet, a rede mundial de computadores, as pessoas passaram a conviver diariamente com a velocidade e todo volume de conhecimento gerado pela humanidade nos últimos dois mil anos. A chamada “aceleração do tempo social”, resultante deste processo, trouxe possibilidades de comunicação e obtenção de informações nunca antes vistas, que continuam aumentando, exponencialmente.
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Nesse contexto, todo cidadão brasileiro deveria tratar a Comunicação como direito humano – e exercê-lo sempre – especialmente no que incide sobre a soberania nacional, a liberdade de expressão, a inclusão social, a diversidade étnico-racial, sexual, cultural, religiosa e de gênero, a convergência tecnológica e a regionalização da produção de conteúdos midiáticos. Entretanto, o que observamos, por exemplo, nos veículos de comunicação de massa paraibanos? Nada mais que a simples reprodução dos modelos impostos ao longo do tempo pela mídia conservadora (nacional e internacional), para favorecer as oligarquias familiares que monopolizam o mercado da informação.
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Portanto, os interesses econômicos dos sistemas de comunicação precisam ser revistos, sobretudo quando interferem e impedem a prática do Direito a Comunicação. Faz-se necessário exercer massivamente a cobrança junto aos órgãos competentes para que sejam cumpridas as normas relacionadas às concessões públicas de telecomunicações, que a regulamentação do setor seja aprimorada para respeitar sempre o interesse público e que os veículos de comunicação de massa realizem os processos midiáticos com ética, responsabilidade e qualidade informativa.
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Vale ressaltar que a produção, difusão e acesso às informações são requisitos básicos para o exercício das liberdades civis, políticas, econômicas, sociais e culturais. O monopólio dos meios de comunicação (mídias) representa uma ameaça à democracia e aos Direitos Humanos, principalmente no Brasil, onde a TV e o rádio são os meios de produção e distribuição de bens simbólicos mais disseminados. Por outro lado, o Brasil tem chamado a atenção mundial pela imensa quantidade de participantes em comunidades virtuais e redes sociais. Ferramentas como blogs, wikis e fóruns de discussão têm consolidado o conceito de comunidade virtual, evidenciando alterações na estrutura social brasileira.
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Com efeito, constata-se que as comunidades virtuais e redes sociais têm potencializado o diálogo e a organização de indivíduos - muitos jovens, inclusive - em novas estruturas, coletivas e colaborativas. Comunidades que surgiram na web passam a ter encontros presenciais. E com a multiplicação destas comunidades e grupos, surge uma nova dimensão de poder, que muitas vezes passa despercebida pelos próprios envolvidos. A evolução, a revolução e a transformação dependem de mudanças estruturais no cotidiano, na práxis social. Saudações socialistas!
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(*) Jornalista e secretário de comunicação da JSB-JP.
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Congressos dos segmentos do PSB


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O PSB de João Pessoa realiza neste final de semana mais 4 congressos dos segmentos organizados, dando continuidade ao calendário aprovado pela Direção Municipal. De acordo com o Presidente do PSB da capital, professor Ronaldo Barbosa, nesta sexta-feira (09/09) será realizado o Congresso das Mulheres, a partir das 18 horas, no SINTEP.
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E neste sábado (10/09) serão realizados 3 outros Congressos, todos com início às 9 horas da manhã, sendo em locais distintos. O Congresso da Juventude Socialista Brasileira em João Pessoa (JSB-JP) se realiza no SINTEP. Já o congresso do segmento Meio Ambiente será no SINDSPREV e o do Movimento Sindical no SINTESPB. De acordo com Barbosa, todos esses Congressos são considerados preparatórios ao Congresso Municipal do PSB de João Pessoa, que se realiza no final do mês de setembro, e que deve reunir cerca de 1200 filiados e filiadas.
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A esquerda e a construção do novo

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Dennis de Oliveira
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Adorei a entrevista do Antonio Cândido no jornal Brasil de Fato. Embora discorde de algumas coisas ditas por ele, são discussões assim que elevam a alma da gente, coisa que está totalmente ausente da mídia hegemônica preocupada neste denuncismo seletivo que praticamente poupa as gestões demotucanas embora estas esteja cheias de indícios de irregularidades.
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Cândido lembra a passagem do Ideologia Alemã, de Marx e Engels em que este fala das necessidades humanas serem cumulativas e irreversíveis – isto é, a medida que o ser humano vai incorporando novos artefatos produzidos pelo seu trabalho ao seu cotidiano, vai se transformando e também mudando as suas demandas. É nesta roda irreversível de criação de necessidades e sua superação que o capitalismo assenta suas bases de acumulação. Marx e Engels, no Manifesto Comunista, apontam o grande potencial revolucionário do capitalismo ao incrementar este processo, mas ao mesmo tempo, os entraves causados pelo modo de produção baseado na expropriação da mais valia. Em outras palavras, o capitalismo e sua classe dominante tem um limite no avanço deste processo, o que torna a ruptura para o socialismo uma necessidade histórica.
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Marx escreveu isto no século XIX, foi um visionário e até hoje um pensador de referência. Efetivamente, o capitalismo transformou sobremaneira o ser humano. As necessidades foram se acumulando a ponto de hoje determinados luxos do passado viraram verdadeiras necessidades, não só por status, mas por questões de trabalho, de exigência de mobilidade, de informação, entre outras coisas. Por isto, desconfio sempre daqueles discursos que tentam classificar necessidades reais e necessidades falsas. O que é uma necessidade falsa? Em um outro texto (clique aqui para ler), comentei sobre a questão do uso do automóvel em São Paulo muitas vezes tratada de forma extremamente generalista e que não dá conta das necessidades específicas de determinadas atividades profissionais que uma parte significativa dos cidadãos vive.
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Mas o capitalismo hoje sobrevive, e a sua não superação por um outro tipo de sociedade tem trazido problemas sérios, aliás, situações que cada vez mais tornam-se insolúveis nos marcos do atual sistema. É a tal situação do interregno citado por Gramsci, como uma situação em que as estruturas dominantes não conseguem mais dar conta dos problemas surgidos e, ao mesmo tempo, não se vislumbra ou ainda não está totalmente desenhada uma estrutura nova de poder que possa substituir a anterior. Bauman fala disto no texto “O triplo desafio” publicado na revista Cult em 2010.
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Um dos grandes problemas do mundo capitalista contemporâneo é a sustentabilidade do atual modelo de produção e consumo na desigualdade e na exclusão. A produção incessante de artefatos e as criações de novas necessidades geraram um tipo de consumo que só é sustentável se for realizado por poucos. Vamos ver alguns dados: a-) o lixo produzido pela população da metrópole de Londres necessita de uma área quatro vezes maior que a própria área ocupada pela cidade; b-) se todos os habitantes do planeta Terra tivessem o mesmo padrão de consumo do cidadão médio estadunidense seriam necessários cinco planetas Terra para dar conta. Tudo isto só se mantém porque uma parcela muito ínfima consome a esmagadora maioria dos artefatos. Gera-se, assim, um mundo do lixo onde estão a grande maioria da população e um mundo de produção deste lixo.
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Por esta razão, um projeto utópico de superação do capitalismo não se restringe apenas a que todos tenham o mesmo padrão de vida das classes dominantes, mas que haja uma equidade de padrões de vida. Isto passa, necessariamente, em uma rediscussão dos padrões de vida da sociedade. Por exemplo, a utopia possível é que todos tenham automóveis e andem de automóvel, praticamente inviabilizando o trânsito e gerando mais poluição ou que se rediscutam os padrões de mobilidade para todos e também como a economia deve ser organizar para se adequar a isto? Será que para buscar um novo posicionamento geopolítico, os países da América Latina devem buscar um modelo de desenvolvimento idêntico aos seguidos pelos países centrais do capitalismo? Ou ainda, na busca de um desenvolvimentismo a todo custo, sequer pensar em alternativas propostas por grupos sociais locais que tem tradições e história fora dos processos civilizatórios do capitalismo?
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Marx fala dos importantes repertórios de conhecimento construídos na aventura da modernidade. Efetivamente, as descobertas tecnológicas impactaram profundamente – e até positivamente – a vida da maioria das pessoas. Na busca de equidade, é preciso que todo este conhecimento seja aplicado para o bem estar de todos e não apenas de alguns. Principalmente em um país em que sequer serviços de saneamento básico estão universalizados. Ou ainda que o acesso universal ao ensino ainda engatinhe. Mas os conhecimentos ancestrais de determinados grupos sociais também tem contribuições importantes, como as relações com a terra para além da dimensão funcional-produtiva, os conhecimentos ancestrais das plantas e suas propriedades medicinais e, mais que isto, a experiência de construir conhecimento compartilhado em espaços diferentes das experiências da civilização ocidental.
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A importância dos movimentos emancipatórios – de combate ao racismo, ao machismo e dos direitos dos povos originários – não se colocam apenas dentro de uma perspectiva ética e igualitarismo, mas de reconhecimento destes povos como protagonistas de uma nova sociedade a ser construída no continente latino-americano. Parte da esquerda que chega ao poder por vias eleitorais, muitas vezes, estão mais preocupados em se transformar em bons gerentes de um Estado capitalista do que aproveitar o espaço conquistado para dar passos importantes na construção de uma sociedade diferente.
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Por esta razão, papel importante cabe aos movimentos sociais e, principalmente, aos seus protagonismos midiáticos – o midiativismo, o midialivrismo, as mídias radicais e alternativas – na expressão destas necessidades. Os espaços – o institucional e a esfera dos movimentos sociais – são diferentes e apresentam possibilidades diferentes, mas não podem ser visto como antagônicos por uma esquerda que realmente quer construir uma sociedade diferente. Não perder o foco, o objetivo é fundamental para que a doce tentação dos cargos do aparelho de Estado não limite a ação a uma mera competência no gerenciamento dos negócios.
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FONTE: http://www.revistaforum.com.br
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Juventude Socialista Brasileira


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O Partido Socialista Brasileiro (PSB) se mantém desde tempos na vanguarda do debate dos diferentes movimentos de juventude, seja atuando dentro das estruturas do movimento estudantil, como na União Nacional dos Estudantes, na União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, seja na base, politizando e transformando a realidade através de nossa militância nos diferentes CAs Das e Grêmios estudantis. Estivemos presentes na derrubada da ditadura, na campanha do petróleo é nosso, nas ruas pedindo “fora Collor”, conquistamos DCEs pelo Brasil afora e lutamos permanentemente pela construção cotidiana da liberdade e da igualdade.
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Vivemos hoje, entretanto, uma situação de profundo paradoxo. Os tempos de liberdade e de democracia política, conquistada após duros embates, trouxeram consigo também a apatia que aprisiona os jovens numa perspectiva individualista da existência. Persiste ainda um sistema de ensino alienante, massificante e autoritário. O jovem é treinado para a competição, para o consumismo sem freios que não dialoga nem se coaduna com as limitações ecológico-ambientais do planeta. Enquanto jovens queremos construir atitudes transformadoras e emancipadoras, sentimos a necessidade de pensar novos rumos para o mundo que nos cerca, com socialismo e solidariedade, contra o rolo-compressor que tenta nos esmagar no dia-dia, contra o tédio e lamúria dos indiferentes.
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Grande parte dos jovens brasileiros rejeita a política, se dizem apolíticos sem nem saber que a política envolve todas as coisas do seu cotidiano: Por outro lado vêem com bons olhos atitudes de preservação do meio-ambiente, preservação da vida, e da ampliação dos horizontes culturais. Acreditam que na política só existe sujeira, jogo de interesses e pouca preocupação com a população. Esquecem que fazer este jogo, da não participação é a forma mais cabal de concordar com o status quo, de deixar as coisas como estão. Afirmamos então que toda atitude de transformação é uma atitude política, pois dialoga com a mudanças nos modos de pensar e agir. Bandeiras históricas - culturais, ecológicas, de segurança, desenvolvimento sustentável, entre outras - se unem na luta pela transformação do modo de vida capitalista em uma sociedade socialista, democrática e justa para todos(as). O correr da vida que muitas vezes nos embrulha, está apenas a nos exigir coragem e perseverança para mudar a realidade.
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Em resposta a isto nós, militantes da JSB acreditamos no poder de mobilização e transformação da Juventude Brasileira. Não aceitamos o comodismo nem apatia, denunciamos a estagnação. Queremos atrair o máximo possível de jovens para a participação nos diferentes movimentos de Juventude. Novos horizontes se abrem quando pensamos nas possibilidades e diálogos trazidos pelos conselhos municipais de Juventude, ONGs, OSCIPS, sindicatos, fundações e demais entidades que militam pela causa do trânsito seguro, da manutenção das florestas, do acesso ao ensino, da reforma universitária, da ampliação do ProJovem, da Reforma Agrária e toda uma gama de novas lutas e diálogos, que refletem a pluralidade do cotidiano da vida dos jovens como ela é.
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Rejeitamos este mundo da forma como ele está, rejeitamos os estereótipos. queremos trazer para centro do debate político este conjunto de lutas do povo, que refletem em nossa concepção a perene impossibilidade do modo de produção capitalista em responder com plenitude aos anseios da vida em sociedade. Rejeitamos sobretudo, a opressão e exploração do homem pelo homem, como única certeza destes tempos. Entretanto, queremos moldar uma nova realidade, mas sem utilizar os velhos moldes e formas pré-concebidas. Queremos ser novos homens e novas mulheres. Acreditamos em nossos sonhos! Ousamos ser diferentes! É hora do socialismo! VENHA PRA JSB!
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FONTE: http://www.psbrs.org.br
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segunda-feira, 25 de julho de 2011

JSB no Conselho Municipal de Juventude

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Bertrand Sousa (*)
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A população jovem da capital paraibana agora possui o Conselho de Juventude, um canal para o diálogo e construção coletiva das Políticas Públicas de Juventude (PPJs) em nosso município. Através da Secretaria de Juventude, Esporte e Recreação (Sejer), a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) realizou na última sexta-feira (22/07) a solenidade de posse dos membros que integram o Conselho Municipal de Juventude. O evento aconteceu no auditório do Centro Administrativo Municipal, em Água Fria.
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A Juventude Socialista Brasileira na Paraíba (JSB-PB) acompanhou todo o processo democrático e participativo que resultou na implantação deste Conselho Municipal, desde a criação da Lei 11.820, em 2009. Segundo o presidente estadual da JSB, Daniel Carneiro, o Conselho é de fundamental importância porque fazem parte dele representantes legítimos da juventude, tanto da sociedade civil quanto do governo. “Juntos, poderemos fiscalizar as ações já existentes e apresentar projetos voltados para as PPJs aqui no município”, afirmou.
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Também fizeram parte desta caminhada inúmeras entidades de representação juvenil (sociedade civil), além das secretarias municipais de Educação e Cultura (Sedec), Desenvolvimento Social (Sedes), Desenvolvimento Sustentável da Produção (Sedesp), Transparência Pública (Setransp), Ciência e Tecnologia (Secitec), Saúde (SMS) e a Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope).
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A Lei que originou o CMJ define suas atribuições da seguinte forma: trata-se de "um órgão autônomo, de caráter permanente, deliberativo, consultivo e fiscalizador, de representação da população jovem e de assessoramento da Prefeitura Municipal de João Pessoa no tocante às questões relacionadas às políticas públicas destinadas à juventude pessoense". Nesse contexto, merece destaque a função deliberativa do Conselho, que possibilita a participação direta da população jovem nas decisões administrativas.
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De acordo com o conselheiro e membro da JSB, Kiko Brito, o Conselho servirá exatamente para intermediar o debate entre a Prefeitura e a juventude. “Ele precisa ‘cair em campo’ e buscar também o contato com os jovens em seus espaços de atuação, dialogando com a juventude em geral. Assim, poderemos desenvolver cada vez mais as Políticas Públicas de Juventude”, disse o representante titular do Movimento Estudantil no Conselho.
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“A participação da JSB será relevante para a atuação do Conselho, pois a organização já possui bastante experiência com relação às Políticas de Juventude, através dos movimentos juvenis organizados, da nossa presença em eventos que discutem esta temática e na gestão pública socialista”, avaliou Luana Flávia, integrante da JSB-JP e representante do segmento diversidade humana e de gênero.
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(*) Secretário de Comunicação da JSB-JP.
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Histórico do Partido Socialista Brasileiro

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Parte 4: os novos desafios
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Nas eleições de 2006, o PSB apoiou a recandidatura vitoriosa de Lula à presidência.Elegeu três governadores: Eduardo Campos (PE), Wilma de Faria (RN) e Cid Gomes (CE). Em 2007, a bancada do PSB no Senado é composta de: Antônio Carlos Valadares (SE), Patrícia Sabóya Gomes (CE) e Renato Casagrande (ES). Na Câmara dos Deputados, o PSB formou a bancada de esquerda de apoio ao governo federal. Ao lado do PSB estão o PDT, PAN, PMN e PHS, sob a liderança do Deputado Federal do PSB de São Paulo, Márcio França. Quase 200 municípios brasileiros são governados por prefeitos do PSB e mais de 1879 vereadores socialistas apresentam projetos e fiscalizam a administração de suas cidades.
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A Fundação João Mangabeira realizou, no dia 21 de janeiro de 2007, Seminário de Planejamento Estratégico dos Segmentos Organizados do PSB. Cada um deles realiza seu Congresso Nacional um dia antes do Congresso Nacional do PSB. Eles contribuem para a integração do partido e seus representantes no executivo e legislativo aos movimentos sociais.
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A Juventude Socialista Brasileira (JSB) que teve seu primeiro Congresso Nacional em 1993 tem como meta a conscientização e politização dos jovens para a construção do socialismo. Já o Movimento Sindical Socialista, com seu primeiro Congresso Nacional em 1997, propõe um sindicalismo livre, democrático, classista, autônomo e de luta, comprometido com a construção do socialismo. A Secretaria da Mulher, teve seu primeiro Congresso em 1999. Para buscar a sociedade socialista é necessário alcançar a igualdade de gênero. O Movimento Negro do PSB foi criado em 2003. Luta pelo socialismo democrático com justiça e equidade, unidade na diversidade. O Movimento Popular Socialista realizou seu primeiro Congresso em 2005.
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Depois de examinarmos estes 60 anos do PSB, entendemos a razão do orgulho dos militantes do Partido. A semente lançada em 1947 rendeu bons frutos. Um pequeno partido, com diminuta presença nos movimentos sociais, poucos parlamentares e ocupantes de mandatos no executivo, tem hoje uma ampla representação política em todo o País, cresce nos movimentos sociais e é respeitado pela fidelidade a seus princípios e a seu programa. Com densidade faz a crítica à sociedade capitalista em que vivemos e apresenta proposições voltadas para a sociedade futura, que será, temos certeza, socialista e democrática. Se acompanhamos toda a construção do PSB, de suas idéias, lideranças e ações na sociedade e nos espaços de poder, se nos sentimos herdeiros desta história com resultados brilhantes em condições tão adversas, novos desafios se apresentam para o PSB e para todos nós, socialistas.
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Carlos Siqueira, primeiro secretário Nacional do Partido, apresentou uma tese no IX Congresso do PSB, em 2003, estimulando o desenvolvimento de um projeto de ampliação dos objetivos estratégicos do PSB. Parte das preocupações historicamente básicas da esquerda e marcantes na vida do PSB: a igualdade, a justiça, a liberdade e a participação. Como incluir no projeto estratégico do Partido, de mudanças estruturais na sociedade, os novos problemas e atores que não se limitam a oposição proletariado e burguesia ou socialismo e capitalismo.
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Na diversidade e pluralidade da vida social contemporânea, há relações outras de dominação e subordinação como as de gênero ou as étnicas que precisam não só ter espaço de fala mas também passarem a ser parte do processo de libertação socialista. A democratização precisa ser aprofundada com a participação cidadã mas precisa ser estendida às diversas instituições sociais como a família, a escola, as igrejas, os serviços públicos... Para tornar realidade esta ampliação de objetivos teremos de desenvolver, pelo menos seis pontos:
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1. incluir esta diversidade com sentido de conjunto; 2. as diversas vozes precisam ter elos de ligação entre suas demandas e a luta política; 3. estas diversidades devem aparecer em suas falas, em sua dignidade e identidade, sem se dissolver; 4. as necessidades do “aqui e agora” tem que ser contempladas, ao lado dos objetivos de médio e longo prazo; 5. o projeto ampliado deve ter um compromisso ético-político com o presente e o futuro dos sistemas vivos do planeta, revolucionando a vida das pessoas em um meio ambiente saudável; 6. assumir como valores fundamentais: A. O igualitário e popular retomando as aspirações dos excluídos, discriminados e oprimidos não apenas entre os trabalhadores da cidade e do campo. Os jovens encontram enormes dificuldades de acesso ao mercado de trabalho. As mulheres enfrentam a violência doméstica e salários mais baixos que os homens nas mesmas atividades. Com aposentadorias ridículas os idosos passam a trabalhar como antes para se sustentar; B. O democrático não apenas na vida política mas em toda a vida social; C. O libertário combinando o aprofundamento das liberdades pela democratização da riqueza social com o respeito à diferença. Serão excluídas as liberdades de torturar, explorar, oprimir, discriminar.
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Todo este projeto de uma nova esquerda no Brasil só será factível numa nação soberana, capaz de se incluir na globalização sem subserviência aos interesses do grande capital e das grandes potências. O desafio que está posto hoje para o PSB, que deve ser enfrentado sob a liderança do Governador Eduardo Campos e com a participação das lideranças emergentes do Partido que se somará à experiência histórica acumulada por diversos companheiros, é formular um projeto para o Brasil, capaz de ampliar substancialmente as conquistas do atual governo.
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Uma esquerda capaz de ter clareza nas políticas urbanas, quando 80% dos brasileiros moram nas cidades, cercados de problemas. Uma nova esquerda capaz de reorganizar o pacto federativo, para que prefeitos e governadores deixem de ir à Brasília com pires nas mãos. Uma nova esquerda capaz de formular e implementar um desenvolvimento sustentável, construindo um mercado interno sólido, uma produção interna com grande valor agregado, enfrentando a cultura do consumo supérfluo do capitalismo, garantindo a convivência com a natureza e não sua destruição. Este desafio é de todos(as) nós! Durante e após o curso, com concordâncias e discordâncias, com complementações, com pensamento e ação, você pode e deve enfrentar os desafios do presente como ator desta História.
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FONTE: http://www.psbnacional.org.br
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sábado, 16 de julho de 2011

Sem medo da democracia

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Em 8 anos do governo Lula, muitas medidas foram realizadas no sentido de promover maior inclusão social para a formação de um novo projeto de nação. Milhares de brasileiros tiveram oportunidade de sair da miséria e outros milhares de brasileiros saíram da linha de pobreza. Além disso, seja na política local, seja na política internacional, o Brasil assume uma nova posição, combatendo as desigualdades regionais, expandindo o seu potencial produtivo e construindo novas alianças para ajudar e ser ajudado por países vizinhos e irmãos, em um ato de desarticular a velha política de subserviência implementadas por séculos na América Latina, onde éramos obrigados a se curvar aos desmandos dos “poderosos”.
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Mas isso começa a mudar de fato. O exemplo vem do Uruguai com o ex-guerrilheiro Pepe Mujica, na Venezuela de Chávez, na Argentina com os Kirchners, no Equador com Corrêa, na resistência da Cuba socialista, entre outros. Importante também neste contexto é o reconhecimento dos demais governos ao papel protagonista exercido pelo Brasil e a continuidade política do projeto de nação hoje capitaneado pela presidenta Dilma.
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Foi, no entanto, na política de juventude e na política educacional que, ao nosso modo de ver, os maiores avanços estruturantes aconteceram. Rompeu-se a lógica de sucateamento do ensino público, que foi implementada na década de 90 pelos neo-liberalistas, e houve uma nova valorização da universidade brasileira. A chegada da classe trabalhadora na universidade e políticas para inserção de grupos historicamente excluídos dos acessos aos serviços públicos, através de cotas sociais e raciais, expansão com o REUNI, implementação de cursos noturnos, autonomia universitária e os novos modelos pedagógicos, mudaram a cara da universidade.
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No âmbito das particulares, com PROUNI e o novo FIES, inserimos ainda mais jovens no ensino superior brasileiro. Tudo isto sem contar a revalorização do ensino técnico, reestruturação das instituições existentes e construção de mais de uma centena de novas unidades dos agora chamados IFETs. O REUNI trouxe um novo aporte financeiro para a expansão de vagas nas universidades públicas. Novas salas, novos prédios, novas bibliotecas, residências universitárias, restaurantes universitários, e em muitos casos, até novos campis. No entanto, é importante que a militância socialista esteja alerta: cada universidade tem autonomia para construir seu projeto e gerir os seus recursos do REUNI. É fundamental participar dos projetos, fiscalizar as obras e os gastos para garantir uma universidade mais inclusiva, voltada para comunidade e com um projeto pedagógico popular.
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Isso cria uma nova lógica no ensino superior brasileiro e gera um novo patamar de oportunidades para nossa juventude. Cria também novos desafios, pois se por um lado avançamos no acesso, agora é fundamental debater a permanência. Desta forma o Plano Nacional de Assistência Estudantil é importantíssimo, mas é fundamental criar mecanismos reais para debater a política de permanência dentro de cada universidade. Entendemos que democratizar o poder dentro das IES é prioritário para definirmos a partir de um projeto popular os novos rumos da universidade. Ao defender eleições diretas para a UNE, temos como princípio tão importante defender uma mudança profunda da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), onde seja garantida eleições paritárias para as direções e reitorias, bem como participação paritária nos órgãos de deliberação das universidades. A participação da sociedade organizada em cada espaço da política significa fortalecimento e amadurecimento da democracia participativa no País.
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Para aprofundar a participação política da sociedade e da juventude, temos a tarefa de disputar uma Reforma Política de cunho popular, que contemple efetivamente a participação de todos(as), sem interferências, nas decisões do País. Que cada brasileira(o) seja elemento central para o desenvolvimento da nossa democracia. Exemplos importantes são as conferências temáticas. As quais defendemos o seu fortalecimento, pois são canais de construção de prioridades do nosso povo e de grupos invisibilizados. Além de abrir o dialogo para novos temas e ajudar na formulação de políticas públicas específicas.
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Compartilhar informações e cultura através das novas tecnologias, limpas e de grande alcance, é fundamental para construir esse novo conceito de liberdade que contagia os jovens do mundo inteiro. E torna-se imprescindível que lutemos por uma nova lógica que garanta a livre circulação de informações, debatendo em especial o direito autoral, para permitir que todos possam ter acesso aos meios que constroem o pensamento e a opinião social, além de buscar maneiras de sobrevivência mais humana e saudável.
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No âmbito das Política Públicas para Juventude (PPJs), muitos avanços foram conquistados desde a criação do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) e da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ). A realização da 1ª Conferencia Nacional Juventude em 2008 foi um grande auxilio para o fortalecimento das pautas específicas dos jovens brasileiros, que enfim foi reconhecida como sujeito de direitos através da Emenda 65 (PEC da Juventude), demanda 1ª conferência e aprovada em 2010 após intensa mobilização de todos os segmentos da juventude no Brasil. Além disso, a temática vem tomando mais corpo a cada dia. Chegou a hora de afirmar nossas bandeiras. Estamos construindo a 2ª Conferência Nacional de Juventude, que tem como tema “Conquistar direitos, desenvolver o Brasil”, e nós estamos empenhados em realizar 26 conferências estaduais e uma distrital, além de centenas de municipais e milhares de livres.
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Em meio a todas estas inquietações e desejos, além do novo momento que se estabelece no País, nós da Juventude Socialista Brasileira, apresentamos ao coletivo de estudantes nossa nova identidade. O movimento “Diretas Já” cumpriu seu papel, mas agora as lutas são maiores e mais amplas, nossas bandeiras se ampliam e para além de eleições diretas na UNE, temos um grande pais a construir. Em seu lugar adotaremos o nome de Movimento SEM MEDO DA DEMOCRACIA, o qual já vínhamos utilizando com nome auxiliar em nossos documentos desde o ultimo Conune. Aproveitamos assim a oportunidade para convocar todos(as) aqueles (as) que queiram de fato debater a melhoria na qualidade da educação e um novo papel da UNE, além de um País desenvolvido, justo e soberano, para vir conosco nesta caminhada. Vamos a partir do 52º Conune construir a consolidação da nossa identidade, afirmando nossas bandeiras e lutando em defesa do Socialismo, da Democracia e pela Igualdade de Oportunidades.
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Goiânia, julho de 2011.
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Juventude Socialista Brasileira
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Economia colaborativa

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Hugo Eduardo Meza Pinto
Marcus Eduardo de Oliveira
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Em decorrência do avançadíssimo processo tecnológico que vivenciamos, cujas expressões mais significativas talvez ocorram nos campos da medicina, cibernética, robótica e, principalmente, na informática, uma nova situação se irrompe com clareza para a ciência econômica e, em especial, para o conhecimento em geral. Em termos de conhecimento/aprendizagem a pergunta mais pertinente talvez seja a de como se adaptar rapidamente ao avanço das ferramentas que cercam a informática, em especial a mais usada delas: a rede internet e toda sua gama de opções.
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Nesse pormenor, é ilustrativo resgatarmos a opinião de Don Tapscott, autor de "Wikinomics” que pontua com firmeza que "a internet não é uma nova forma de conhecimento e sim uma ferramenta que deverá mudar a nossa forma de adquirir conhecimento”. A economia, assim como todas as outras ciências, precisa estar adaptada a esta mudança. Um grande desafio que se vislumbra é fazer com que nossa economia esteja toda baseada no conhecimento, sendo mais dinâmica e competitiva, garantindo crescimento sustentado, gerando empregos de qualidade, distribuindo a renda, assegurando coesão social, entre outros aspectos.
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O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), pasta dirigida pelo professor Aloizio Mercadante, envereda esforços para adotar a "Estratégia de Lisboa” - documento divulgado em 2000 que contém as principais diretrizes da União Européia voltadas para a Ciência, Tecnologia e Inovação. Nessa mesma linha de defesa, fazendo da economia uma nova base pautada no conhecimento e na colaboração, somos partidários com Tapscott, pois, assim como ele, entendemos que o conhecimento hoje tem sido facilmente gerado e está à disposição de muito mais gente na atualidade do que há 30 anos.
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A facilidade de acesso às informações somente foram (e tem sido) facilitadas tendo em vista que a rede internet pode se infiltrar em todos os segmentos populacionais. Embora ainda haja certas restrições de acesso à rede, mesmo restrição de ordem orçamentária, é fato inconteste que uma infinidade maior de pessoas fazem uso diariamente do "conteúdo” disponibilizado pela rede. Mesmo as relações humanas, saindo um pouco do espectro informal, já contam com uma participação invejável. O Facebook, página de relacionamento social, por exemplo, já conta com mais de meio bilhão de usuários espalhados pelo mundo.
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O grande problema que notamos, no entanto, em se tratando da rede internet, é o excesso de informação - curiosamente, antes era a falta disso. Nesse contexto, aprender requer então maior e melhor poder de concentração e capacidade de filtrar, sistematicamente, a abundante informação que se encontra disponível. Entendemos que a grande questão que se coloca é como fazer para conseguir-se um bom e adequado conhecimento usando a internet? Acreditamos que se faz necessário repensar as metodologias de ensino e de aprendizagem. Para isso, os pedagogos, em especial, serão imprescindíveis.
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O fato é que a linguagem deixou de ser plana, agora é hiper-textual. Nesse sentido, é ilógico pensar que os livros digitais não serão o sucesso que, por exemplo, a música digital alcançou. Disso decorre a necessidade de se repensar, pormenorizadamente, a "construção” de uma economia colaborativa. O queremos dizer com economia colaborativa? Seria simplesmente a capacidade de várias pessoas construírem conhecimento mesmo que essas pessoas não se encontrem fisicamente num mesmo e único lugar; mesmo que estejam longes umas das outras. É a internet que propicia, sobremaneira, essa "aproximação”.
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Inequivocamente, a rede Internet permite de bom grado esse "espírito colaborativo”, preservando a autoria e permitindo que o conhecimento seja tecido como se fosse uma teia de aranha. Porém, no lugar de uma aranha só, muitas seriam essas "aranhas” que cumpririam a função do conhecimento colaborativo dentro dessa idéia aqui denominada de "economia colaborativa”. Contudo, é necessário ter ciência que, infelizmente, nem sempre as boas ações irão sempre aflorar. Para desespero de todos que sonhamos com um mundo melhor e mais fraterno, é mister pontuar que temos visto uma incrível capacidade do homem em fazer mal a seu semelhante. E também para isso o mau uso da rede internet tem sua parcela de colaboração.
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O triste caso de Realengo é uma amostra perversa desse conhecimento colaborativo tecido no sentido da "destruição”. O ex-aluno Wellington Oliveira tinha informações diversas sobre bullying e sobre como fazer bombas. Além disso, pelas informações já fartamente divulgadas, sabemos que idolatrava histórias de atentados, principalmente as do "11 de setembro”. Wellington chamava de irmãos outros assassinos de estudantes. Enfim, tinha pleno conhecimento para realizar suas motivações psicopatas. Esse mesmo perfil é também o de outros matadores que nessas últimas duas décadas tem surgido de forma pontual. A principal fonte de informações desses matadores, em geral, tem sido a rede internet. Sabe-se que o matador de Realengo passava horas na internet tecendo o final da teia de aranha do conhecimento do mal que teve como resultado o lamentável assassinato de doze crianças.
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Diante disso, cabe profunda reflexão: como os agentes envolvidos com educação, por exemplo, estão se comportando diante dessas iminentes possibilidades perversas? Será que as novas práticas pedagógicas estão sendo adaptadas a encarar esse contexto? Como pode também a economia, a seu turno, se adaptar frente a essa realidade? Essas são perguntas que ainda levarão certo tempo a serem prontamente respondidas. De nossa parte, fazemos votos que a economia colaborativa venha com força total para aquilo que de fato urge em termos de resgate social, qual seja, aplainar os caminhos para a construção de uma sociedade mais igual e menos perversa.
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FONTE:
http://www.adital.com.br
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Juventude no pré-Congresso Municipal

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Bertrand Sousa (*)
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A Executiva Municipal do Partido Socialista Brasileiro (PSB) realizou neste último sábado (09/07), o pré-Congresso da agremiação socialista. O objetivo do evento foi preparar o Partido para o Congresso Municipal, iniciando o diálogo entre os(as) representantes dos segmentos partidários – Juventude, Mulheres, LGBT, Movimento Sindical, Movimento Negro e Movimento Popular – sobre a conjuntura política atual e outras questões relevantes.
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Na abertura do evento tivemos a presença dos vereadores socialistas Bira Pereira, Zezinho do Botafogo e Sandra Marrocos, que mencionaram em suas falas o trabalho do PSB na construção de uma João Pessoa – capital paraibana – com mais qualidade de vida para todos(as) e participação cidadã em decisões administrativas, entre outros avanços que beneficiaram a população.
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O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) e o prefeito de João Pessoa, Luciano Agra (PSB), também participaram do pré-Congresso, destacando a importância do projeto político socialista para a transformação da sociedade pessoense e paraibana, ampliando gradativamente as conquistas das camadas populares. Ainda tivemos a presença do presidente Estadual do PSB, Edvaldo Rosas e Alexandre Urquiza, membro do Diretório Nacional do Partido.
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Como em todas as ocasiões, a Juventude Socialista Brasileira em João Pessoa (JSB-JP), esteve presente, contribuindo para o bom debate. Nosso secretário Municipal, Rômulo Halysson, fez uma rápida avaliação sobre a situação dos(as) jovens no País e o papel do Estado Brasileiro neste contexto, ressaltando a importância das Políticas Públicas de Juventude para superação de graves problemas e diminuição das desigualdades sociais.
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(*) Secretário de Comunicação da JSB-JP.
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A reinvenção da política


Rodrigo Savazoni
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Das manifestações no Irã pela liberdade de expressão, via Twitter, aos recentes episódios de mobilização cidadã na Espanha, país onde, desde o dia 15 de maio, milhares de pessoas tomaram as ruas para exigir democracia, são cada vez mais explícitos e frequentes os exemplos de que as tecnologias libertárias, apropriadas pelas pessoas e pelas redes, transformam a forma de se fazer política. No Brasil, uma nova geração de ativistas conectados à Internet está criando os movimentos sociais do século XXI. Por meio de ações de construção democrática e métodos em geral provocativos, esses agrupamentos contemporâneos começam a confrontar as forças estabelecidas. Aqui, no entanto, a conjuntura difere da do Oriente Médio ou da Europa, onde a falta de democracia e a crise econômica estimulam a insatisfação popular. O Brasil atravessa o melhor momento de sua história, com estabilidade democrática, crença nas instituições e uma inédita inclusão econômica. O que há, então, em comum entre os movimentos brasileiros e o de seus pares internacionais? O que querem, afinal, esses novos agrupamentos sociais?
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Não são perguntas fáceis. A primeira característica comum desse movimento de caráter internacional é o fato de serem articulações cuja origem não está nas estruturas partidárias, sindicais ou mesmo nos movimentos sociais surgidos nas três décadas anteriores. São, acima de tudo, forças articuladas em rede, com forte influência do uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Há de se considerar também que são grupos que não se prendem a filiações ideológicas rígidas. Sua marca é a ação. Pode-se tentar compreendê-los buscando referências na esquerda libertária, mas boa parte de seus participantes também não se furta a buscar métodos e símbolos na cultura corporativa. Há uma forte conexão com o altermundismo, o movimento por uma outra globalização que se espraiou no final dos anos 1990 e no início da primeira década do século XXI, mas somente essa filiação não explica o que está ocorrendo.
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Se aproximarmos nossa lupa, veremos que é útil buscar respostas na cultura digital, que, conforme nos explica o professor André Lemos, da Universidade Federal da Bahia, é a cultura que se forja a partir do surgimento da internet e da popularização da microinformática, processos iniciados no final dos anos de 1970. Essa cultura, baseada na recombinação e na colaboração, foi se alastrando pelo planeta e produziu um curto-circuito em todas as esferas: comportamento, economia, artes, mídia e, evidentemente, política. A percepção dessas transformações, com a massificação das tecnologias, só faz crescer. Conforme explica o professor Javier Bustamante Donas, em artigo para o livro Cidadania e Redes Digitais, organizado pelo sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, essas tecnologias não são apenas “uma ferramenta de descrição da realidade, mas de construção da mesma”. Técnica e política, portanto, não podem ser observadas em separado.
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Interessante notar que o objetivo desse movimento “tecnológico” é a radicalização da política e da democracia, que vêm sendo paulatinamente aprisionadas pelos interesses econômicos e pelas posturas corporativas da classe política tradicional. Não à toa, surge nesse contexto a questão da transparência, em suas múltiplas acepções. No Brasil, um dos mais interessantes e combativos movimentos contemporâneos é a comunidade Transparência Hacker. Iniciado há quase dois anos, o grupo ganhou notoriedade quando, utilizando-se de uma prerrogativa aberta pela presidência da República do Brasil, clonou o blog do Planalto, que fora lançado sem permitir aos usuários interagirem com o conteúdo. Para evidenciar que o diálogo é a essência da rede, os ativistas hackers criaram uma página semelhante à oficial, a qual reproduzia integralmente os conteúdos originais, com o diferencial de permitir comentários sem qualquer moderação. Ganharam o mundo.
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“Eu gosto de pensar que somos ativistas do direito de fazer. É bizarro perceber a quantidade de impossibilidades a que grupos e indivíduos são submetidos quando querem provocar mudanças”, afirma Daniela Silva, da Esfera e da Casa da Cultura Digital, uma das criadoras da comunidade Transparência Hacker (#THacker). A comunidade na qual atua conta com apoio do escritório brasileiro do W3C, a instituição criada por Tim Berners Lee para manter a web aberta e livre, e já tem em sua lista de discussão mais de 500 membros, entre ativistas, jornalistas, programadores e gestores públicos. Daniela destaca que não existem regras prévias de participação, mas sugere que a “colaboração, liberdade, autonomia, ética hacker, abertura para formas novas de agir e de pensar sobre o mundo, valores políticos emergentes e mutáveis (ou mutantes) e um certo gostinho pela provocação” são as principais características do movimento.
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A jornalista e ativista recorda que foi justamente quando clonaram o Blog do Planalto que ela e seu grupo puderam sentir a força das redes. Aquilo que começou como uma pequena provocação ganhou notoriedade por evidenciar um jeito de agir que rompia com o tradicional. “Tinha gente da esquerda nos odiando de um lado, e gente da direita odiando mais do outro. Conservadores tarimbados acharam uma graça absurda daquele ato desmedido de liberdade. Libertários ferrenhos pediam nossa cabeça no Trezentos (blog que reúne uma ampla comunidade de defensores do compartilhamento do conhecimento). Uma grande quantidade de pessoas admiráveis achou o máximo”, relembra. Ela pontua que essa ação só foi possível porque o governo Lula adotara o Creative Commons como licença de conteúdo, numa iniciativa pioneira mundialmente. Foi, portanto, o próprio Planalto, a sede do governo brasileiro, que providenciou os meios técnicos para a provocação.
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Software Livre, Cultura Livre
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Voltando à investigação sobre a essência dos movimentos da cultura digital, é preciso recuperar o conceito de software livre, pois é por meio dessa articulação pioneira que o espírito de nossa época começa a se delinear. No início dos anos 1980, um grupo de engenheiros liderados por Richard Stallman criou a Free Software Foundation (FSF), organização com o objetivo de defender a colaboração e o compartilhamento quando os softwares começavam a se tornar instrumentos de enorme ganho financeiro. Para maximizar seus vencimentos, as empresas de tecnologia começaram a adotar patentes e mecanismos de proteção de propriedade intelectual, contrariando assim a essência do desenvolvimento científico, que é baseado na evolução a partir do conhecimento acumulado. Para “amarrar” a liberdade de compartilhar ao modelo de licenciamento, a FSF criou um modelo alternativo (a licença GPL), que passou a ser utilizada pelos desenvolvedores no mundo todo. Essa ação, aparentemente técnica, embutia um confronto político que cresceria desde então: o da luta contra a propriedade na era do conhecimento.
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Essa visão de superação da propriedade privada é comum a todo movimento de cultura digital, e foi estabelecida como diretriz pelos ativistas que, em 2003, participaram da elaboração dos Pontos de Cultura. Convidados a trocarem informações com o poder público, esses agentes propuseram construir em conjunto com os criadores populares noções de compartilhamento do conhecimento e uso do software livre. Essa história vem sendo recorrentemente contada, justamente por ser um caso de sucesso. Pouca gente sabe, no entanto, que na base desse movimento havia uma rede organizada, em processo de construção, que até hoje se constitui como um repositório de ideias inovadoras. Trata-se da rede Metareciclagem.
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“A metareciclagem é mais um foco de potência de ação política – porque as pessoas trocam entre si – do que uma instância política autônoma, que tenha uma coerência”, explica o ativista Felipe Fonseca, um dos remanescentes daquele grupo que formulou o kit multimídia dos Pontos de Cultura e que lançou recentemente o livro Laboratórios do Pós-Digital, disponível para download. “É um espaço de diálogo entre diferentes formas de ambientação política. Isso configura uma forma de ação política em si, mas é muito difícil de tratar dentro da experiência da política tradicional”. Ativa há oito anos, a rede segue produzindo inspiração e articulação. O ponto de contato é estabelecido por meio de uma lista de discussão e da plataforma da comunidade, cujo endereço é www.metareciclagem.org
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FONTE: http://www.revistaforum.com.br
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