José Luís Fiori (*)
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Depois de 1945 - após a 2ª Guerra Mundial - a economia capitalista cresceu liderada pelos Estados Unidos, tendo na Alemanha e no Japão seus dois protetorados militares, que se transformaram em cadeias transmissoras do dinamismo global. Esse eixo dinâmico da economia mundial entrou em crise na década de 70, perdendo fôlego na década seguinte.
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Ao contrário dos seus antigos parceiros, os Estados Unidos cresceram durante as duas últimas décadas do século XX de forma quase contínua, liderando uma reestruturação profunda da economia mundial. Foi o período em que as economias nacionais do sudeste asiático, em particular da China e da Índia, se transformaram na nova fronteira de expansão e de acumulação capitalista.
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Depois de 1945 - após a 2ª Guerra Mundial - a economia capitalista cresceu liderada pelos Estados Unidos, tendo na Alemanha e no Japão seus dois protetorados militares, que se transformaram em cadeias transmissoras do dinamismo global. Esse eixo dinâmico da economia mundial entrou em crise na década de 70, perdendo fôlego na década seguinte.
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Ao contrário dos seus antigos parceiros, os Estados Unidos cresceram durante as duas últimas décadas do século XX de forma quase contínua, liderando uma reestruturação profunda da economia mundial. Foi o período em que as economias nacionais do sudeste asiático, em particular da China e da Índia, se transformaram na nova fronteira de expansão e de acumulação capitalista.
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Espaço para a integração
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No início do novo século, poucos ainda acreditam nas virtudes das políticas receitadas pelo “consórcio mundial de organismos financeiros”, liderado pelo FMI. Olhado pelo lado das ex-colônias – em particular a América Latina – o que se tem neste momento, depois de uma década de experimentação neoliberal, é um balanço global negativo e, em algumas situações, com efeitos catastróficos, como foi o caso da crise Argentina de 2001.
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Em quase todos os países do continente os resultados foram os mesmos. A frustração das expectativas criadas nos anos 90 pela utopia da globalização e pelas políticas neoliberais contribuiu para as vitórias eleitorais de novas lideranças políticas que estão se propondo a governar e inovar a história latino-americana neste início do século XXI. E tudo indica que, à sombra imediata do poder global dos Estados Unidos, pode estar se abrindo um novo espaço e uma grande oportunidade para a redefinição das relações tradicionais de poder dentro do continente, que apontam para uma maior integração política e econômica dos países latino-americanos e para uma renegociação da hegemonia dos Estados Unidos neste espaço da periferia do sistema mundial.
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Do pondo de vista da política internacional, todos esses programas e governos sempre defenderam algum tipo de integração latino-americana. Porém, somente na década de 60 é que foram tomadas as primeiras iniciativas de integração regional, com o objetivo de fortalecer o processo de industrialização da região. Em 1960 foi assinado o acordo de criação do Mercado Comum Centro-Americano e naquele mesmo ano foi formada a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC, hoje ALADI). Em 1969, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador e Peru criaram o Mercado Comum Andino. E finalmente, em 1986, foi criado o Mercosul. Quase todas essas experiências mostraram resultados alentadores numa primeira fase, mas foram se desacelerando e perdendo fôlego econômico e político.
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No início do novo século, poucos ainda acreditam nas virtudes das políticas receitadas pelo “consórcio mundial de organismos financeiros”, liderado pelo FMI. Olhado pelo lado das ex-colônias – em particular a América Latina – o que se tem neste momento, depois de uma década de experimentação neoliberal, é um balanço global negativo e, em algumas situações, com efeitos catastróficos, como foi o caso da crise Argentina de 2001.
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Em quase todos os países do continente os resultados foram os mesmos. A frustração das expectativas criadas nos anos 90 pela utopia da globalização e pelas políticas neoliberais contribuiu para as vitórias eleitorais de novas lideranças políticas que estão se propondo a governar e inovar a história latino-americana neste início do século XXI. E tudo indica que, à sombra imediata do poder global dos Estados Unidos, pode estar se abrindo um novo espaço e uma grande oportunidade para a redefinição das relações tradicionais de poder dentro do continente, que apontam para uma maior integração política e econômica dos países latino-americanos e para uma renegociação da hegemonia dos Estados Unidos neste espaço da periferia do sistema mundial.
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Do pondo de vista da política internacional, todos esses programas e governos sempre defenderam algum tipo de integração latino-americana. Porém, somente na década de 60 é que foram tomadas as primeiras iniciativas de integração regional, com o objetivo de fortalecer o processo de industrialização da região. Em 1960 foi assinado o acordo de criação do Mercado Comum Centro-Americano e naquele mesmo ano foi formada a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC, hoje ALADI). Em 1969, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador e Peru criaram o Mercado Comum Andino. E finalmente, em 1986, foi criado o Mercosul. Quase todas essas experiências mostraram resultados alentadores numa primeira fase, mas foram se desacelerando e perdendo fôlego econômico e político.
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Nos tempos atuais o projeto de integração latino-americana voltou ao primeiro plano da agenda e dos debates da política externa brasileira, transformando-se numa espécie de coluna vertebral e no denominador comum das políticas externas dos governos pós-neoliberais do continente. É uma integração alternativa ao projeto da Alca proposto pelos Estados Unidos, o que significa, de imediato, um grande desafio para os latino-americanos.
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Equilíbrio com os Estados Unidos
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Por trás de tudo isso, existem algumas mudanças no cenário econômico mundial e regional que têm contribuído decisivamente para o fortalecimento das posições autonomistas dos novos governos latino-americanos. Por um lado, porque o crescimento acelerado das economias asiáticas tem sido responsável pelo aumento das exportações do continente latino-americano e, portanto, pelo aumento das taxas de crescimento de quase todas as economias nacionais da região nos últimos anos.
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Por outro, as alterações também se devem ao crescimento das economias com fortes excedentes minerais e energéticos, como no caso do níquel de Cuba e do petróleo dos países andinos. Os novos preços, sobretudo do petróleo, do gás e dos minerais, permitiram aumentos de royalties e impostos, que fortaleceram a capacidade fiscal (arrecadação) de todos estes Estados. Como sempre, os horizontes e o futuro dependem da forma como as forças políticas internas do continente se posicionarem frente às oportunidades criadas pelas transformações globais.
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(*) Escritor, professor titular de Economia Política Internacional do Instituto de Economia da UFRJ.
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FONTE: Revista Mundo Jovem, ano 48, n° 412.
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Equilíbrio com os Estados Unidos
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Por trás de tudo isso, existem algumas mudanças no cenário econômico mundial e regional que têm contribuído decisivamente para o fortalecimento das posições autonomistas dos novos governos latino-americanos. Por um lado, porque o crescimento acelerado das economias asiáticas tem sido responsável pelo aumento das exportações do continente latino-americano e, portanto, pelo aumento das taxas de crescimento de quase todas as economias nacionais da região nos últimos anos.
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Por outro, as alterações também se devem ao crescimento das economias com fortes excedentes minerais e energéticos, como no caso do níquel de Cuba e do petróleo dos países andinos. Os novos preços, sobretudo do petróleo, do gás e dos minerais, permitiram aumentos de royalties e impostos, que fortaleceram a capacidade fiscal (arrecadação) de todos estes Estados. Como sempre, os horizontes e o futuro dependem da forma como as forças políticas internas do continente se posicionarem frente às oportunidades criadas pelas transformações globais.
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(*) Escritor, professor titular de Economia Política Internacional do Instituto de Economia da UFRJ.
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FONTE: Revista Mundo Jovem, ano 48, n° 412.
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