A Juventude Socialista Brasileira em João Pessoa (JSB-JP) manifesta através desta nota o repúdio às agressões físicas, ofensas verbais e cárcere privado sofrido pela nova secretária Municipal da JSB e sua companheira no último dia 11 de setembro. Este lamentável acontecimento atingiu a honra das duas moralmente e desrespeitou os princípios básicos do ser humano. Leia na íntegra a Nota de Repúdio:
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Caros companheiros(as),
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Venho através deste documento, repudiar a violência física, verbal e moral do qual fomos vítimas eu e minha companheira no “BEBERICOS BAR” – localizado no bairro dos Bancários, zona sul de João Pessoa – no último dia 11 de setembro, aproximadamente ás 20h horas.
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Ao chegarmos ao bar fui direto ao banheiro, enquanto minha companheira procurava alguns amigos e uma mesa para sentarmos. Fiquei na fila do banheiro esperando minha vez. Ao chegar minha vez tentei fechar a porta e me deparei com uma garota desconhecida empurrando a mesma. Neste momento indaguei-a e pedi para que ela aguardasse sua vez. A garota, demonstrando-se alterada, falou que iria entrar comigo no banheiro porque ele tinha dois vasos sanitários e se eu quisesse reclamasse com o dono do bar. Detalhe: o banheiro não tinha divisórias entre os vasos e apenas uma porta.
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Em seguida, lhe dirigi novamente a palavra e pedi que aguardasse sua vez. Após ter falado pela segunda vez tentei fechar novamente a porta. A garota em questão empurrou-a com bastante violência e a porta bateu na minha cabeça. Em seguida ela foi logo entrando e minha atitude foi tentar conversar para que a mesma respeitasse meu direito de entrar sozinha no banheiro, já que o mesmo não tinha divisórias entre os vasos sanitários e a vez era minha. Sem que eu esperasse a garota avançou em meus cabelos e infelizmente chegamos as vias de fato.
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Enquanto estávamos engalfinhadas no chão do banheiro eu tentava me defender da garota. Logo apareceram pessoas para nos separar. Algumas dessas pessoas, junto com um amigo meu, tentavam me acalmar, até porque fiquei perplexa, nunca tinha passado por aquela situação. Eu tremia e chorava ao mesmo tempo. Por sua vez, minha companheira, percebendo o tumulto, correu logo para onde eu estava e disse que iríamos embora dali imediatamente. Mas quando tentamos nos retirar do local a garota que me agrediu, se fazendo de vítima para seus amigos(as), retornou até onde eu estava, no intuito de continuar a briga e as agressões verbais, só que desta vez junta com seus amigos(as) – aproximadamente 5 (cinco) pessoas. Elas me fizeram ameaças, tentando tumultuar ainda mais. Estavam todos visivelmente alterados, sem nem saber o que tinha ocorrido de verdade.
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Quando tentamos sair do bar novamente foi necessário fazer uma espécie de barreira humana ao meu redor e ao chegarmos à única entrada/saída do bar nos deparamos com o proprietário - que até então não tinha aparecido. Durante todo o episódio ele foi totalmente omisso, conivente e co-responsável pelo tumulto, por não haver segurança em seu estabelecimento, que estava lotado. Para piorar, ele não manteve a imparcialidade diante do acontecimento. Ou seja, ficou o tempo todo ao lado do grupo agressor, que estava com a garota bloqueando a única passagem de entrada/saída.
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Vale salientar que tínhamos acabado de chegar ao bar e nem sequer tínhamos consumido nada. Mesmo assim, o dono do bar disse que ninguém sairia de lá sem a chegada da polícia, gerando ainda mais constrangimento e contribuindo para as retaliações do grupo agressor. A medida arbitrária tomada naquele momento pode ser interpretada como cárcere privado, um crime previsto em lei. É necessário frisar também que em nenhum momento o dono do bar nos procurou, ou tentou garantir minha integridade física em seu estabelecimento, nem muito menos dos outros clientes. Meu maior medo era que alguém do grupo agressor estivesse armado.
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Impedidas de sair, meu amigo me puxou para o fundo do bar, para evitar retaliações do grupo agressor. Minha companheira, ao tentar passar para o local onde eu estava foi agredida física e verbalmente por uma das amigas da garota que me agrediu no início. A mesma dirigiu palavras preconceituosas (homofóbicas) a minha companheira, referindo-se a nós duas como “pessoas doentes”, “sapatões”, “vocês são bichos”, “que deveria ter banheiros separados para sapatão e viado”, “que aquele bar era para pessoas normais”, dentre outros absurdos de baixo calão. Achando pouco, jogou uma garrafa de água no rosto de minha companheira e a mesma teve que engolir a raiva para não perder a razão.
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Enfim, fomos constrangidas de todas as formas e obrigadas a ficar esperando a chegada da polícia para podermos sair, porque o grupo queria me agredir, assim como fez a garota. A Polícia Militar demorou aproximadamente 45 minutos para chegar ao local e o dono bar nem sequer nos procurou para saber o que tinha ocorrido de fato. Ele esteve totalmente equivocado na hora de lidar com a situação, pois não manteve a imparcialidade. Assim, nos sentimos totalmente discriminadas e humilhadas. Após a chegada da polícia fomos todos(as) para a delegacia fazer o Boletim de Ocorrência.
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“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...”
(Caetano Veloso)
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Luana Flávia B. de Oliveira
Secretária Municipal da JSB,
eleita recentemente no IV Congresso da JSB-JP
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Homofobia é uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a orientação sexual das pessoas. A Paraíba hoje é um dos estados brasileiros onde mais se pratica a violência homofóbica e, com este episódio, ganha mais um número para compor suas estatísticas. Só em 2011 foram registrados 12 crimes com motivações homofóbicas em nosso Estado.
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Por tudo isso, a Juventude Socialista Brasileira – cada vez mais participativa e consciente sobre as mais diversas questões que envolvem a juventude – já demonstrou que é totalmente contra este tipo de atitude desrespeitosa, que fere os princípios básicos do ser humano. É bom lembrar que está escrito na Constituição Federal Brasileira que “todos são iguais perante a lei". Também existe uma Lei Estadual (n° 7309/03) – de autoria do então deputado Ricardo Coutinho (PSB) – que prevê multa e punição aos locais de lazer, como: restaurantes, boates e estabelecimentos públicos em geral que discriminem pessoas devido à orientação sexual. Entretanto, se faz necessário (com urgência!) que haja a regulamentação desta lei, com a escolha do órgão responsável pelo recebimento das denúncias e aplicação das penas e multas.
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Para finalizar, esperamos que as atitudes deste grupo agressor e do dono do bar sejam punidas exemplarmente, para que isso não se repita com ninguém! Nós, que fazemos parte de uma juventude que luta todos os dias por “direitos igualitários”, não podemos ficar calados diante de um fato grave como este. Não podemos temer, de forma alguma, retaliações preconceituosas e ultrapassadas, se não nunca iremos avançar para construir um mundo melhor.
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João Pessoa, setembro de 2011.
Juventude Socialista Brasileira em João Pessoa (JSB-JP)
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Caros companheiros(as),
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Venho através deste documento, repudiar a violência física, verbal e moral do qual fomos vítimas eu e minha companheira no “BEBERICOS BAR” – localizado no bairro dos Bancários, zona sul de João Pessoa – no último dia 11 de setembro, aproximadamente ás 20h horas.
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Ao chegarmos ao bar fui direto ao banheiro, enquanto minha companheira procurava alguns amigos e uma mesa para sentarmos. Fiquei na fila do banheiro esperando minha vez. Ao chegar minha vez tentei fechar a porta e me deparei com uma garota desconhecida empurrando a mesma. Neste momento indaguei-a e pedi para que ela aguardasse sua vez. A garota, demonstrando-se alterada, falou que iria entrar comigo no banheiro porque ele tinha dois vasos sanitários e se eu quisesse reclamasse com o dono do bar. Detalhe: o banheiro não tinha divisórias entre os vasos e apenas uma porta.
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Em seguida, lhe dirigi novamente a palavra e pedi que aguardasse sua vez. Após ter falado pela segunda vez tentei fechar novamente a porta. A garota em questão empurrou-a com bastante violência e a porta bateu na minha cabeça. Em seguida ela foi logo entrando e minha atitude foi tentar conversar para que a mesma respeitasse meu direito de entrar sozinha no banheiro, já que o mesmo não tinha divisórias entre os vasos sanitários e a vez era minha. Sem que eu esperasse a garota avançou em meus cabelos e infelizmente chegamos as vias de fato.
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Enquanto estávamos engalfinhadas no chão do banheiro eu tentava me defender da garota. Logo apareceram pessoas para nos separar. Algumas dessas pessoas, junto com um amigo meu, tentavam me acalmar, até porque fiquei perplexa, nunca tinha passado por aquela situação. Eu tremia e chorava ao mesmo tempo. Por sua vez, minha companheira, percebendo o tumulto, correu logo para onde eu estava e disse que iríamos embora dali imediatamente. Mas quando tentamos nos retirar do local a garota que me agrediu, se fazendo de vítima para seus amigos(as), retornou até onde eu estava, no intuito de continuar a briga e as agressões verbais, só que desta vez junta com seus amigos(as) – aproximadamente 5 (cinco) pessoas. Elas me fizeram ameaças, tentando tumultuar ainda mais. Estavam todos visivelmente alterados, sem nem saber o que tinha ocorrido de verdade.
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Quando tentamos sair do bar novamente foi necessário fazer uma espécie de barreira humana ao meu redor e ao chegarmos à única entrada/saída do bar nos deparamos com o proprietário - que até então não tinha aparecido. Durante todo o episódio ele foi totalmente omisso, conivente e co-responsável pelo tumulto, por não haver segurança em seu estabelecimento, que estava lotado. Para piorar, ele não manteve a imparcialidade diante do acontecimento. Ou seja, ficou o tempo todo ao lado do grupo agressor, que estava com a garota bloqueando a única passagem de entrada/saída.
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Vale salientar que tínhamos acabado de chegar ao bar e nem sequer tínhamos consumido nada. Mesmo assim, o dono do bar disse que ninguém sairia de lá sem a chegada da polícia, gerando ainda mais constrangimento e contribuindo para as retaliações do grupo agressor. A medida arbitrária tomada naquele momento pode ser interpretada como cárcere privado, um crime previsto em lei. É necessário frisar também que em nenhum momento o dono do bar nos procurou, ou tentou garantir minha integridade física em seu estabelecimento, nem muito menos dos outros clientes. Meu maior medo era que alguém do grupo agressor estivesse armado.
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Impedidas de sair, meu amigo me puxou para o fundo do bar, para evitar retaliações do grupo agressor. Minha companheira, ao tentar passar para o local onde eu estava foi agredida física e verbalmente por uma das amigas da garota que me agrediu no início. A mesma dirigiu palavras preconceituosas (homofóbicas) a minha companheira, referindo-se a nós duas como “pessoas doentes”, “sapatões”, “vocês são bichos”, “que deveria ter banheiros separados para sapatão e viado”, “que aquele bar era para pessoas normais”, dentre outros absurdos de baixo calão. Achando pouco, jogou uma garrafa de água no rosto de minha companheira e a mesma teve que engolir a raiva para não perder a razão.
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Enfim, fomos constrangidas de todas as formas e obrigadas a ficar esperando a chegada da polícia para podermos sair, porque o grupo queria me agredir, assim como fez a garota. A Polícia Militar demorou aproximadamente 45 minutos para chegar ao local e o dono bar nem sequer nos procurou para saber o que tinha ocorrido de fato. Ele esteve totalmente equivocado na hora de lidar com a situação, pois não manteve a imparcialidade. Assim, nos sentimos totalmente discriminadas e humilhadas. Após a chegada da polícia fomos todos(as) para a delegacia fazer o Boletim de Ocorrência.
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“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...”
(Caetano Veloso)
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Luana Flávia B. de Oliveira
Secretária Municipal da JSB,
eleita recentemente no IV Congresso da JSB-JP
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Homofobia é uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a orientação sexual das pessoas. A Paraíba hoje é um dos estados brasileiros onde mais se pratica a violência homofóbica e, com este episódio, ganha mais um número para compor suas estatísticas. Só em 2011 foram registrados 12 crimes com motivações homofóbicas em nosso Estado.
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Por tudo isso, a Juventude Socialista Brasileira – cada vez mais participativa e consciente sobre as mais diversas questões que envolvem a juventude – já demonstrou que é totalmente contra este tipo de atitude desrespeitosa, que fere os princípios básicos do ser humano. É bom lembrar que está escrito na Constituição Federal Brasileira que “todos são iguais perante a lei". Também existe uma Lei Estadual (n° 7309/03) – de autoria do então deputado Ricardo Coutinho (PSB) – que prevê multa e punição aos locais de lazer, como: restaurantes, boates e estabelecimentos públicos em geral que discriminem pessoas devido à orientação sexual. Entretanto, se faz necessário (com urgência!) que haja a regulamentação desta lei, com a escolha do órgão responsável pelo recebimento das denúncias e aplicação das penas e multas.
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Para finalizar, esperamos que as atitudes deste grupo agressor e do dono do bar sejam punidas exemplarmente, para que isso não se repita com ninguém! Nós, que fazemos parte de uma juventude que luta todos os dias por “direitos igualitários”, não podemos ficar calados diante de um fato grave como este. Não podemos temer, de forma alguma, retaliações preconceituosas e ultrapassadas, se não nunca iremos avançar para construir um mundo melhor.
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João Pessoa, setembro de 2011.
Juventude Socialista Brasileira em João Pessoa (JSB-JP)
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