terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Educação e mídia: instrumentos para mudança
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Bertrand Sousa (*)
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A função de uma mídia socialmente responsável é informar com qualidade e isenção, ajudando a sociedade a conhecer, pensar e agir. A Educação, portanto, é uma característica diretamente relacionada à mídia, ao seu processo constante de veiculação de conteúdos. "Um povo somente pode ser grande se sua escola for boa e, a mídia, livre, plural e responsável."
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No Brasil, devido à forte influência da grande mídia sobre a vida da população, pode-se dizer que os comunicadores muitas vezes atuam como "educadores", na medida em que promovem ou estimulam mudanças no comportamento de nosso povo. Tornam-se formadores de opinião, através do controle sobre a consciência coletiva do País. Neste sentido, devemos exigir que esta função estratégica seja exercida por profissionais devidamente qualificados, com formação superior específica e conscientes sobre a importância do trabalho jornalístico para a sociedade.
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Além disso, a mídia e os profissionais da comunicação podem e devem promover iniciativas em questões educacionais que ultrapassam as fronteiras do Jornalismo, construindo também um cenário positivo de participação das comunidades nas escolas. Consolidar uma atenção qualificada da mídia ao sistema educacional significa reconhecer a Educação como ponto prioritário na agenda de desenvolvimento do País.
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Todo cidadão brasileiro deveria tratar a comunicação como direito humano – e exercê-lo sempre – especialmente no que incide sobre a soberania nacional, a liberdade de expressão, a inclusão social, a diversidade étnico-racial, sexual, cultural, religiosa e de gênero, a convergência tecnológica e a regionalização da produção de conteúdos (educativos, inclusive). Trata-se de um tema que interessa a toda a sociedade brasileira, com forte apelo entre os jovens, inclusive entre os participantes do Movimento Estudantil e outros movimentos sociais.
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Na carta “Declaração de conjuntura: a oportunidade da crise”, divulgada em março deste ano, a JSB contribui para reflexão sobre a mídia e o sistema de comunicações no Brasil, mencionado como único setor de políticas públicas que até hoje não foi debatido nacionalmente, envolvendo a participação da sociedade civil. O texto afirma que:
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Diante desta estratégia de radicalização da democracia, outra necessidade é trazida a tona: a de promover a livre circulação de informações e garantir o direito humano à comunicação, entendida não apenas como audiência, mas como interação, troca de informações. A informação é fundamental para permitir escolhas conscientes por parte dos seres humanos, não há cidadão ou cidadã emancipado/a sem o acesso livre às informações disponíveis e sem a possibilidade de produzir conteúdo, disseminar informações, exercer a comunicação em sua plenitude.
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Portanto, a luta pelo fim do monopólio privado dos meios de comunicação é de cunho estratégico para a democracia. É preciso rever a concentração de poder midiático que se produziu em escala global e que, em nossa região, se aprofundou com o período de exceção experimentado na segunda metade do século passado, onde o monopólio da comunicação foi potencializado como objetivo estratégico para a manutenção do poder ditatorial. Porém, além de combater este monopólio também é necessário investir nas capacidades das pessoas para que cada vez mais se tenha informação sendo produzida por fontes cada vez mais diversas.
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Essa questão da comunicação é fundante para a estratégia de ampliação da participação política das pessoas, especialmente dos jovens. É verdade que este é um momento marcado por uma cultura política que, de tão desconectada da linguagem e dos códigos desta geração e de tão imersa em práticas pragmáticas, despolitizadas e patrimonialistas, afasta cada vez mais o e a jovem dos processos decisórios da sociedade; mas a reversão desse processo é possível e passa pela transparência na política o que depende, fundamentalmente, do fortalecimento da capacidade comunicativa da juventude.
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(*) Jornalista e Secretário de Comunicação da JSB-JP.
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