sábado, 31 de julho de 2010

No horizonte o girassol
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Análises sociológicas de qualquer tema são matéria para sociólogos. Eu me digo isso a todo momento para não me perder em teorias incompletas ou chegar a conclusões precipitadas sobre determinados aspectos que observo ao longo da minha vida e que me fazem querer pensar como um cientista social. Um dos fatos que mais me faz parar para refletir é o comportamento político das pessoas da Paraíba. Um estado pobre? Só se for pelos frios paradigmas financeiros das instituições de estatística. Rico em poesia, música, inteligência, cultura e arte no geral. Para analisar esse comportamento eu apelo à sociologia de Max Weber, importante sociólogo alemão, que me parece satisfatória para explicar determinadas condutas.
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Weber põe no centro de suas teorias a ação social. Para entender profundamente esse conceito, sugiro uma viagem pela sua obra-prima, Economia e Sociedade. De maneira mais simples, podemos entender ação social como sendo o agir dos indivíduos na coletividade segundo um conjunto de expectativas e determinado pelo comportamento dos outros indivíduos, isto é, baseado na ideia de reciprocidade, motivação.
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Votar constitui uma ação social. É, além disso, uma ação política, voltada à luta pelo poder, mesmo que inconsciente pelos que agem. Votamos porque outras pessoas determinaram o voto como instituição política, e que, ao fazerem isso, esperam que outros votem, e esses que votam esperam que outros também votem, e que outros recebam esses votos, elejam-se e assim por diante. Ações socias. Expectativas. Reciprocidade. Ainda segundo Weber, as ações sociais constituem ações motivadas. Essas ações podem ser: segundo tradições, segundo sentimentos, segundo valores e segundo fins (racionalizadas por objetivos). Portanto, o voto também é motivado por uma dessas quatro vertentes.
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O que me chama a atenção é que, aqui na Paraíba, o voto é motivado pelas duas vertentes que não combinam nada com política (de verdade): tradições e sentimentos. Primeiramente, os paraibanos votam segundo tradição. Votam em determinadas famílias. Votam pelo sobrenome. E votam porque seus pais e avós vêm votando naquelas mesmas pessoas há vários anos. O problema é que essas famílias tradicionais foram construídas segundo um coronelismo opressor, voto de cabresto. São latifundiárias, na sua maioria. Escravizam as mesmas pessoas que as colocam no poder. E são, em muitos casos, fonte de uma rede suja de corrupção que as apoiam na sua conquista do controle dessa massa que vota só porque virou costume. Só porque aquelas pessoas já estão no poder.
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Depois vem o sentimento. Por alguma força desconhecida e que eu ainda não entendo, as pessoas se apegam aos políticos. Não é ao profissional, é à pessoa mesmo. As pessoas passam a gostar de alguns candidatos, independente de eles sequer um dia tiverem olhado para essas pessoas. Independente de eles sequer um dia tiverem ido àquela localidade. É um amor, uma paixão que toma conta da racionalização dessas pessoas e as inpedem de enxergar quem aqueles políticos são. Esse amor todo, a meu ver, é fruto de uma pesada demagogia e de um pesado populismo que tomou conta desse estado desde os seus primórdios federativos. E que se alastra aos dias de hoje nas pessoas mais humildes, que encontram na figura supostamente idônea do político alguém em quem confiar suas dores, seu sofrimento – alguém em quem ter uma esperança fugidia. É um populismo nada tímido, efetivo e que tem funcionado nesses anos todos de domínio.
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Eu acredito que o que esse Estado precisa é de mudança. Precisa de movimento, de uma nova liderança. De um ideal novo, livre dos males do populismo e da escravização ideológica da tradição latifundiária. O voto deve ser segundo fins e valores. O fim está na luta para que a Paraíba se renove, tome um novo rumo, uma nova cara, que feche as feridas que ardem ainda nas crianças com fome, nos idosos sem assistência, nas mães que perdem seus filhos para o tráfico, para os hospitais ruins, para as escolas que não educam, nos trabalhadores. Os valores são muitos: honestidade, responsabilidade, inteligência, humildade, sinceridade e devoção. Devoção a esse povo que sofre, mas que não se deixa abater nem um minuto sequer, e que merece ser mais bem tratado por nossos governantes.

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