terça-feira, 10 de março de 2009

A participação da mulher no Movimento Estudantil
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Ziza Maia (*)
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As mulheres representam hoje mais de 51% da população brasileira, desse total a maioria está nas áreas urbanas e mais de 27% é composto de mulheres jovens, com idade entre 15 e 21 anos. Apesar dos avanços na escolarização, as mulheres continuam sofrendo bastante com a opressão machista, seja ela aberta ou dissimulada. Ainda há poucas mulheres nos postos de decisão. Em geral elas permanecem concentradas em profissões ditas femininas e recebem em média 30% menos do que os homens, ainda que tenham nível de escolaridade em geral superior ao deles.
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Quando nos reportamos à questão da Mulher X Movimento Estudantil, constatamos a sua participação nas lutas e conquistas democráticas na história desse Movimento. Entre estas lutas estão: a educação pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade social; a garantia do passe-livre; acesso as mais diversas formas de cultura; expansão e melhoria das condições de permanência dos estudantes; a assistência estudantil; etc.
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Faz-se necessário destacar que percebemos por parte de alguns companheiros uma resistência em apoiar a luta feminina, o que é evidenciado na própria participação das mulheres nos cargos de direção das entidades, ficando de forma quase hegemônica os cargos de coordenação geral/presidência com os homens. Os demais cargos são divididos entre homens e mulheres, com a maioria ocupada pela ala masculina.
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Ainda existem alguns companheiros que inibem as intervenções das companheiras, inclusive quando se discutem as questões que envolvem gênero e ainda a desqualificação de bandeiras de lutas das mulheres. Nos espaços de discussão do Movimento Estudantil (ME) quase sempre fica reservado para as mulheres as tarefas secundárias como de atar reuniões, arrumar entidades, ornamentar os espaços pra encontros, etc. Infelizmente esta prática geralmente não é compreendida como uma relação de opressão dos homens com as mulheres do ME.
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É necessária uma mudança de postura urgente no que se refere a essas atitudes, de modo que as companheiras sejam estimuladas a serem agentes de toda a história, tendo espaço para luta feminista. Desta forma lutando pelo direito de igualdade entre os sexos nos mais diversos espaços, porém sempre respeitando as diferenças e particularidades das(os) mesmas(os).
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Destacamos os grandes passos dados pelas companheiras da UNE, que foi a criação da Diretoria de Mulheres em 2003 e construção do Encontro de Mulheres Estudantes que aconteceu em 2005 e 2007. Nestes Encontros as companheiras discutiram os desafios encontrados pelas mulheres no Movimento Estudantil bem como das mulheres jovens na sociedade como um todo.
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Este foi um grande passo, mas a lutas pela conquista do nosso espaço tem que ser contínua e cada vez mais organizada. Nós da JSB, estamos participando desta luta, criando espaços de discussão sobre o tema, destacando as mulheres que já representam grande parte dos nossos quadros dirigentes. “Não queremos nada a mais e nada a menos apenas igualdade.”
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(*) Secretária Nacional de Gênero da JSB
e Secretária Geral da JSB-PB.
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