A realidade do estudante do período noturno
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Armando Terribili Filho
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Armando Terribili Filho
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A rotina diária de levantar cedo, trabalhar o dia todo, e enfrentar as dificuldades de trânsito e transporte faz parte da realidade de dezenas de milhões de brasileiros. Entretanto, para 2,7 milhões, esse hábito é seguido de atividades estudantis no período noturno, alimentação inadequada e um percurso de volta ao lar marcado pela insegurança.
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Acresça-se ao cenário uma reduzida quantidade de horas de sono, pouco lazer e a própria legislação trabalhista, que não oferece flexibilização de horário de trabalho para o estudante-trabalhador e não propicia benefício-alimentação adicional que assegure uma refeição antes das aulas, uma vez que a locomoção é feita diretamente do local de trabalho para a instituição de ensino. Essa foi a constatação de uma tese desenvolvida sobre o impacto do “entorno educacional” no cotidiano do estudante do ensino superior noturno.
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O ensino superior noturno é recente no Brasil – tem menos de 50 anos de existência. No entanto, possui alta representatividade numérica e mostra-se crescente: totaliza 60% do total de matrículas do país e 70% do Estado de São Paulo. Ao longo dos últimos anos, transformou-se em instrumento de inclusão social, pois nele o jovem busca sua formação profissional, enquanto o trabalho remunerado durante o dia oferece-lhe subsídios financeiros para viabilizar os estudos.
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Os pesquisados (86% são estudantes-trabalhadores) reclamam das aulas expositivas não-dialogadas, com baixa interatividade, pouca utilização de recursos tecnológicos que estimulem sua participação, causando desinteresse, apatia e sono. Alegam que os atrasos na chegada à instituição os impedem de realizar pesquisas antes da aula ou mesmo freqüentar bibliotecas, diminuem o convívio social e impedem que se alimentem. As dificuldades atingem de forma indiscriminada estudantes de todos os níveis sócio-econômicos.
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O que há em comum para os estudantes das cidades pesquisadas é a presença da violência após o encerramento das aulas, quando estes ficam expostos aos riscos da noite, período de maior índice de delitos. Nas capitais, o trânsito e o trabalho depois do expediente normal são fatores que causam atrasos, perda de aulas e provas. No interior dos Estados, o longo trajeto em estradas é outro fator dificultador, porque, muitas vezes, o curso desejado não é oferecido na cidade do estudante.
O que há em comum para os estudantes das cidades pesquisadas é a presença da violência após o encerramento das aulas, quando estes ficam expostos aos riscos da noite, período de maior índice de delitos. Nas capitais, o trânsito e o trabalho depois do expediente normal são fatores que causam atrasos, perda de aulas e provas. No interior dos Estados, o longo trajeto em estradas é outro fator dificultador, porque, muitas vezes, o curso desejado não é oferecido na cidade do estudante.
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Passando ao largo pelo protecionismo ou assistencialismo, destaca-se que a instituição de ensino e o “extramuros” não reconhecem essas dificuldades. A instituição deveria disponibilizar infra-estrutura (biblioteca, secretaria, laboratórios) em horários depois das aulas, bem como ter seu projeto pedagógico compatível com a realidade do aluno do noturno, e oferecer recursos tecnológicos e capacitação ao corpo docente, possibilitando o desenvolvimento de conteúdos atualizados. Também deveria buscar integração com empresas de transportes para compatibilizar horários e demandas.
Passando ao largo pelo protecionismo ou assistencialismo, destaca-se que a instituição de ensino e o “extramuros” não reconhecem essas dificuldades. A instituição deveria disponibilizar infra-estrutura (biblioteca, secretaria, laboratórios) em horários depois das aulas, bem como ter seu projeto pedagógico compatível com a realidade do aluno do noturno, e oferecer recursos tecnológicos e capacitação ao corpo docente, possibilitando o desenvolvimento de conteúdos atualizados. Também deveria buscar integração com empresas de transportes para compatibilizar horários e demandas.
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Nessa mesma linha, as prefeituras deveriam criar e manter faixas de travessia de pedestres, iluminar as áreas próximas às instituições, organizar o fluxo de veículos na chegada e saída dos estudantes. Já a Secretaria de Segurança Pública poderia ter um contingente repressivo maior no período noturno (entre 22 horas e meia-noite), horário de maior circulação de estudantes, e estender a realização de rondas escolares às instituições de ensino superior.
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Adicionalmente, os empresários, em meses letivos, poderiam flexibilizar o horário de trabalho e ampliar o valor do benefício-alimentação para tais estudantes. Muito se fala sobre a importância da Educação na formação de um país, de seu povo e, sobretudo, das conseqüências da melhoria na qualidade de vida. Na atualidade, falar em Educação como prioridade transformou-se em discurso politicamente correto de intelectuais, empresários e políticos.
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Essa é a hora de dar um basta na expectativa de que “o outro” faça algo, pois a Educação clama por ações imediatas tanto do extramuros como do intramuros das instituições de ensino. Ações que sejam integradas, sincronizadas e amparadas por planos e políticas públicas; que se sobreponham a cores partidárias, tendo um real compromisso com a sociedade e a formação do povo brasileiro.
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FONTE: http://www.webinsider.com.br
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